Nada mais puro e verdadeiro do que o amor de uma mãe por seu filho. Bom, nem sempre essa máxima é verdadeira, tanto na vida real quanto na ficção. Há algumas genitoras da teledramaturgia que erraram feio com seus pimpolhos.
Algumas pecaram por falta de carinho. Outras exageraram na dose e sufocaram as crias, cometendo atrocidades em nome desse amor desmedido, como ocorreu com Thelma (Adriana Esteves), em Amor de Mãe, que deixou um rastro de sangue e dor por onde passou, tudo por medo de perder Danilo (Chay Suede).
Relembre algumas personagens que exerceram a maternidade de forma tóxica.
Sem limites
Acabamos de nos despedir dela em Amor de Mãe, finalizada nesta sexta-feira, mas por um tempo lembraremos de suas crueldades. Thelma foi muito além da razão para esconder a verdade sobre a origem de Danilo, que, na verdade, era Domênico, filho perdido de Lurdes (Regina Casé).
O grande mérito da autora Manuela Dias foi ter mostrado a loucura da vilã aos poucos: primeiro, com pequenas mentiras e uma obsessão doentia pelo único filho. A personagem inventou tantas histórias que, ao longo da novela, o público chegou a se questionar se o aneurisma que a acometia existia mesmo. Felizmente, era verdade, e foi a única coisa capaz de parar Thelma.
Em um de seus arroubos, ela tentou justificar suas atrocidades dizendo que "amor de mãe não tem limite". Tem sim, Thelma. Matar duas pessoas, sequestrar e forjar a morte da melhor amiga, furar a camisinha do filho, tudo isso está bem além de qualquer limite.
De cúmplice a genitora
Em Segundo Sol (2018), Laureta (Adriana Esteves) foi mentora de Karola (Deborah Secco) em várias armações contra Luzia (Giovanna Antonelli). Ao longo da trama, a relação entre as duas foi se delineando diante do telespectador, que descobriu uma ligação de longa data, já que a cafetina iniciou a pupila na profissão mais antiga do mundo. Porém, nem a própria Karola sabia que o vínculo com Laureta era ainda mais profundo.
Foi só no final da trama de João Emanuel Carneiro que veio à tona o grande segredo: Laureta era mãe de Karola! Ou seja, além de abandonar a filha pequena em um orfanato, ela voltou, anos depois, para colocar a menina no mundo da prostituição. Pesado, não é?
Rainha do lixão
Adriana Esteves já pode pedir música no Fantástico. Com Carminha, de Avenida Brasil (2012), ela deu início a sua trinca de mães não convencionais.
A falta de instinto maternal da vilã foi vista desde os primeiros capítulos, quando ela abandonou a enteada, Rita (Mel Maia), em um lixão. Bem antes disso, deixou o filho, Jorginho (Cauã Reymond), aos cuidados de Lucinda (Vera Holtz) no aterro sanitário. Anos depois, já casada com Tufão (Murilo Benício), voltou para buscar o menino, como se estivesse fazendo uma caridade.
A filha caçula, Ágatha (Anna Karolina Lannes), sofria bullying da própria mãe, que a chamava de gorda e vivia apontando seus defeitos.
Sentimento sufocante
No ar em edição especial às 18h, A Vida da Gente (2011) traz de volta à telinha outra mãe bastante controversa. Eva (Ana Beatriz Nogueira) errou em diferentes medidas com as filhas Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano).
Enquanto a tenista recebia atenção em demasia, com direito a manipulações, mentiras e muita chantagem emocional, Manu passou a vida sendo rechaçada pela mãe, tudo por conta de um problema na perna.
O que já era ruim ficou ainda pior depois do acidente que deixou Ana em coma profundo. A mãe megera culpou a filha mais velha, chegou a dizer que preferia que Manu tivesse sido vitimada no lugar da irmã e ainda expulsou a jovem de casa. Com uma mãezona dessas, para que ter inimigos?
Malvada favorita
A vida de Lara (Mariana Ximenes) era uma sucessão de traumas. O pai foi assassinado quando ela ainda era bebê, crime cometido pela mãe biológica da menina, Flora (Patrícia Pillar), que passou anos na cadeia. Criada por Donatela (Claudia Raia), cresceu achando que a mãe era uma assassina. Mas, assim que saiu da prisão, Flora reconquistou a filha e a fez acreditar que era inocente. Só que não.
No fim das contas, Flora era realmente a grande vilã de A Favorita (2008) e manipulou muita gente — inclusive o público — para tentar provar que era boazinha. Enquanto chorava e declarava seu amor pela filha, era só a guria virar as costas para que a "mãezona" a chamasse por um apelido nada carinhoso: purgante.
Maldade em dose dupla
É difícil competir com ela no quesito "mãe desnaturada". Marta (Lilia Cabral), de Páginas da Vida (2006), rejeitou a filha grávida, Nanda (Fernanda Vasconcellos). A briga entre as duas foi tão pesada, que a jovem saiu atormentada pelas ruas e acabou sendo atropelada. Em um parto de emergência, Nanda deu à luz um casal de gêmeos, mas acabou morrendo pouco depois. E é aí que a crueldade de Marta se mostrou ainda maior.
Ao ser avisada pela médica Helena (Regina Duarte) que um dos bebês era portador de síndrome de down, Marta foi taxativa: "Não quero essa criança". E partiu do hospital apenas com um neto. Mesmo assim, sempre maltratou o pequeno Francisco (Gabriel Kaufmann). Clarinha (Joana Mocarzel) foi abandonada pela avó, mas foi adotada por Helena.
Divinamente má
Loira má que amamos, rainha dos memes, engraçada, mas capaz de atrocidades, Nazaré (Renata Sorrah), de Senhora do Destino (2004), quase ficou de fora da nossa lista. Afinal, é uma mãe, no mínimo, discutível.
Não se pode negar que ela criou Isabel (Carolina Dieckmann) com muito amor e nunca deixou faltar nada para a menina. Até a página dois, foi uma mãe maravilhosa. Porém, não podemos esquecer que ela roubou a pequena Lindalva de Maria do Carmo (Susana Vieira), mentiu a vida inteira e matou todos que descobriram a verdade, inclusive o marido, José Carlos (Tarcísio Meira). Assim que foi desmascarada, Naza mostrou a face da maldade sem pudores.
No final da trama, ainda tentou sequestrar Linda, a filha de Isabel/Lindalva, mas foi encurralada. Antes de morrer, jurou amor à filha adotiva. Apesar de tudo, esse sentimento era verdadeiro, o que deixa Nazaré no limiar entre o posto de "mãezona" e o de "mãe megera".
Da cor da vilania
O pequeno Otávio (Felipe Latgé) não passava de um pé de meia para Bárbara (Giovanna Antonelli), em Da Cor do Pecado (2004). A vilã nunca deu a mínima importância para o filho, e ainda passou anos mentindo sobre a origem do menino. Na tentativa de dar o golpe da barriga na família Lambertini, a loira inventou que estava grávida de Paco (Reynaldo Gianecchini).
Na verdade, o pai da criança era Kaike (Tuca Andrada), que acabou se mostrando carinhoso e chegou a lutar pela guarda do filho.
Venenosa
Em Por Amor (1997), Branca Letícia de Barros Motta (Susana Vieira) teve três filhos, mas a seus olhos, existia apenas o primogênito, Marcelo (Fabio Assunção). Para Milena (Carolina Ferraz), sobravam só insultos, ofensas, tapas e armações. O caçula, Leonardo (Murilo Benício), o mais sensível dos três, sofria com o desprezo da genitora.
A megera justificava a preferência por Marcelo por achar que ele era filho de seu grande amor, Atílio (Antonio Fagundes). No final da trama, um exame de DNA fez a vilã cair do cavalo: Leo, o filho desprezado, era fruto de seu romance com o bonitão. O jogo virou na reta final, e Branca amargou a solidão após tanto veneno.
"Na chón!"
Ninguém duvida do amor de dona Armênia (Aracy Balabanian) por “suas três filhinhas”: Gera (Marcello Novaes), Gino (Jandir Ferrari) e Gerson (Gerson Brenner).
Em Rainha da Sucata (1990), o problema é a forma como a mãezona tratava os três, marmanjos com mais de 20 anos, que, para ela, eram eternos bebês. Quando não estava mimando seus rebentos, a matriarca só pensava em colocar o prédio da empresa de Maria do Carmo (Regina Duarte) "na chón".