A bordo de um carro esportivo, um estudante chega ao colégio Las Encinas pronto para causar. Ele desce do veículo e logo troca farpas com sua meia-irmã, Lucrécia (Danna Paola). Os dois cruzam os corredores e já geram olhares atravessados. Esta sequência logo no primeiro episódio da segunda temporada de Elite é uma das marcas da carreira de Jorge López, que viveu o rebelde Valerio no seriado espanhol de sucesso. Agora, o ator chileno interpreta outro tipo de personalidade como Diego, um dos personagens de Temporada de Verão, nova série brasileira da Netflix.
Aproveitando o período no Brasil, em que grava cenas no litoral norte de São Paulo, López é só elogios. Apaixonado pela espontaneidade dos brasileiros, o artista também estreita os laços com Giovanna Lancellotti, com quem divide a cena em seu próximo trabalho. Ainda sem previsão de estreia, Temporada de Verão promete debater assuntos como crescimento pessoal, abismo social e novas experiências entre os mais jovens no Hotel Maresia, que fica em uma região paradisíaca do país.
O ambiente é bem diferente de Elite, seriado ambientado em uma escola de classe alta de Madri. Na produção anterior, seu personagem vive um romance inusitado com sua meia-irmã e também causa na escola, fazendo festas e arranjando brigas com Polo e Guzmán. Conforme anúncio da plataforma, Valerio não deve aparecer na quarta temporada, que ainda está sendo filmada nos arredores da capital espanhola.
Em entrevista por e-mail a Zero Hora, o ator natural de Santiago avalia o desfecho de seu personagem em Elite e fala da relação com os brasileiros.
Valerio vive uma relação praticamente incestuosa com Lucrecia em Elite. Como vocês lidavam com isso nos bastidores e como era sua relação com Danna Paola? Não lhe causava estranhamento esse romance?
Fomos uma equipe real, de vida e de trabalho, ela também é latina (natural de Cidade do México) então geramos uma união como uma irmandade. A Danna é uma pessoa tremendamente talentosa, aprendi muito com ela. Como ser humano, ela tem uma luz muito bonita e tivemos muitas coisas, filosofias e histórias de carreira parecidas. O Valerio e a Lucrecia tinham um conflito muito complicado de abordar e o que construímos foi a partir do respeito, tentei entender realmente a problemática destes dois personagens que estavam muito sozinhos. Para mim, não parece esquisito, porque eu como ator não tenho que julgar meu personagem, tenho que ter 100% empatia e entender qual e o motor psicológico e emocional do personagem, então nunca julgo e na real tento na minha vida pessoal também nunca julgar.
Valerio era um personagem cheio de polêmicas. Gostou de seu desfecho e mudaria algo nessa história dele?
Sim, foram muitas polêmicas e muito interessante o seu final. Na verdade, ele ficou no meio do caminho, então teria gostado se tivesse desenvolvido um pouco mais, mas na verdade isso fica na mão dos roteiristas e era o que eles esperavam que fosse. Mas eu acho que teria gostado de um desenvolvimento mais claro, que fechasse melhor, apesar de não conseguir pensar em um desfecho diferente. Na verdade, eu aceitei, abordei de maneira profissional, e o final do Valerio foi o final que tinha que ser.
Você não irá voltar na próxima temporada de Elite. Como foi encerrar esse ciclo?
É um mix de sentimentos contraditórios, é um projeto pelo qual tenho muito carinho e que envolveu tudo: toda a minha criatividade, muitas horas de trabalho, muita intensidade, muita paixão e, sem dúvida, tenho saudades e muito afeto que são difíceis de superar. Senti isso quando trabalhei com a Disney por quatro anos. Vou sentir saudades e a vida é assim: o projeto continua sem mim, mas isso era o que tinha que acontecer. Também prefiro, não gosto quando acontece do personagem esgotar os recursos. Acho que Valério é um personagem icônico e que chegou para fazer o que tinha que fazer, e pronto. Agora minha carreira tem que seguir por outros rumos, estou tranquilo e contente com isso.
O que pode adiantar de sua nova série? Há algum método diferente de atuar e trabalhar no Brasil, na sua opinião?
É uma série totalmente diferente, não só por ser em outro idioma e eu atuar em um idioma que não é o meu: é uma série que tem outro código, não é um thriller, não é um suspense, é uma série solar, inspiradora, leve, romântica. Ela fala de ilusões, de muita esperança, amizade, sonhos, são valores muito bonitos. É um sonho de verão. É assim que eu defino e é uma série íntima, que fala dos vínculos, das problemáticas juvenis, das diferenças que todos os jovens têm e como um grupo tão diferente deles consegue chegar a um objetivo em comum. A série também reflete sobre romance, de como se relacionam os casais nesta idade com tantos obstáculos, é uma série muito bonita, bem romântica.
E da cultura brasileira? O que já conhecia das cidades e das celebridades daqui?
Tinha vindo só ao Rio e São Paulo, e também não estive muito tempo, só deu para visitar os lugares mais turísticos. O Rio me pareceu uma das cidades mais lindas do mundo! As pessoas são o que eu mais gosto daqui, acho que o brasileiro respira uma espontaneidade muito forte. Gosto muito da música brasileira, aprendi português pelo meu Spotify com a playlist que montei com Cynthia Senek e Giovanna Lancellotti, que atuam comigo (risos). Na verdade, conheço muitas personalidades das novelas que via quando criança. Da música, converso com a Anitta, já que nos seguimos no Instagram, e a Pabllo Vittar, depois de nos conhecermos em Sevilha durante um prêmio da MTV. Ela me pareceu uma pessoa muito talentosa, admiro muito seu trabalho. Não tenho conhecido ninguém fora do meu trabalho, apenas meus colegas de elenco, que são todos maravilhosos.
Depois de drama e romance, quais gêneros você gostaria atuar? Há algum tipo de sonho de carreira?
Sempre digo que gostaria de fazer algo de ação, sempre fui esportista e tenho muitas habilidades físicas. Gosto muito de comédia, tenho uma parte muito lúdica que gostaria de explorar. Na verdade, não tenho uma preferência, curto cada projeto e acredito que cada um é realizado por um motivo. Tudo que chega para sua vida é para te trazer coisas diferentes, então não quero ficar limitado a ter só um foco, estou aberto para que a vida me surpreenda, sempre chegará o aprendizado que estou precisando no momento. Estou vivendo o presente, passo a passo.