O príncipe das trevas está de volta. Epítome da rebelião do rock'n'roll e considerado um dos precursores do heavy metal, Ozzy Osbourne é tido como um dos nomes mais influentes da história do gênero. Por trás da persona bem-sucedida – e controversa –, John Michael Osbourne trilhou um caminho de bullying, crimes, drogas e um recente diagnóstico de Parkinson. Produção original da A&E, As Nove Vidas de Ozzy Osbourne conta essa história, em lançamento marcado para as 23h20min deste sábado (20) na emissora. (Relembre 10 momentos marcantes da trajetória de Ozzy).
— Eu diria que, se realmente querem conhecer a realidade por trás de Ozzy, vejam. Todo mundo que viu disse: "Uau". Isso é real. Não é glamourizado. É muito honesto, verdadeiro. O bom, o ruim e o feio — contou o músico durante coletiva online com a imprensa da América Latina, da qual GZH participou.
John nasceu em 3 de dezembro de 1948 em Birmingham, Reino Unido, e teve uma infância pobre e recheada de problemas. O apelido Ozzy surgiu quando ainda estava no Ensino Fundamental, no momento em que lutava contra a dislexia. Após tornar-se alvo dos colegas, abandonou os estudos aos 16 anos e começou a trabalhar em empregos braçais. Depois, passou a cometer uma série de delitos, o que culminou em uma sentença de seis semanas na prisão por roubo. Quando foi libertado, decidiu tentar uma carreira como vocalista.
– John Michael foi uma pessoa que era filha da classe trabalhadora. Estava confuso sobre o que queria fazer em sua vida, até que ouviu os Beatles. Quando ele ouviu os Beatles, soube – disse.
Marcado por seu trabalho no Black Sabbath, o músico começou a consumir álcool e drogas ostensivamente quando estava na banda. O hábito quase levou sua esposa, Sharon Arden, à morte: ela acusa o artista de uma tentativa de homicídio em uma noite em que ele estava sob efeito de substâncias ilícitas. Hoje, os dois seguem casados e, apesar das idas e vindas no relacionamento, Ozzy responde com o nome da mulher quando lhe perguntam o que é amor para ele.
— Ter conhecido Sharon e me apaixonado por ela foi a melhor experiência de toda a minha vida. Isso me tornou outra pessoa e me faz sentir que fiz algo de bom — assegura.
Batalhas
As Nove Vidas de Ozzy Osbourne traz no nome a referência da crença que se tem em países de língua inglesa de que gatos têm nove vidas – por aqui, são apenas sete. Mas, independentemente do número, o cantor demonstrou ao longo de sua trajetória capacidade para se sobrepor aos mais diversos desafios, incluindo batalhas contra enfermidades e vícios.
– Para mim, ele é um sobrevivente. Viveu uma vida tremenda, aproveitou o que cruzou seu caminho, conseguiu se levantar e se elevou novamente. Ele é um bom homem, o que os outros veem é o que ele é. E é um sobrevivente incrível. Olha para o futuro depois de 53 anos (de carreira) e ainda é relevante, as pessoas ainda querem ouvi-lo – disse Sharon, que também participou da coletiva.
Em 2020, o madman revelou seu diagnóstico de Parkinson do tipo dois. Ao longo de 2019, foi internado três vezes e, após uma série de exames, descobriu que uma cirurgia realizada no início do ano havia deixado sequelas.
— Não é para as pessoas sentirem pena do recente diagnóstico ou do acidente. Ozzy não quer pena de ninguém, ele teve uma vida incrível. Basta dar a ele um palco e ele ficará feliz como sempre foi. Apenas saber que ele voltará a se apresentar, é disso que ele precisa — contou a esposa e empresária.
Narrado em primeira pessoa, o documentário mescla materiais de arquivo com entrevistas de pessoas próximas do artista, contando com a presença de Sharon e seus filhos Jack, Aimee e Kelly. Para ajudar a costurar sua história, também há depoimentos de músicos como Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward, Ice-T, Marilyn Manson, Rob Zombie e Post Malone. Hoje, aos 72 anos, Ozzy diz ter muitos arrependimentos como qualquer outra pessoa, mas avalia que essas experiências fazem parte de quem ele é – e, mesmo que pudesse, não mudaria nada:
– Meu legado? É que tive a melhor vida que alguém poderia ter.