Dona Hermínia faz milhões de pessoas rirem com os surtos que embalam sua convivência diária com os filhos, o ex-marido e com quem mais cruzar o seu caminho num dia de maus bofes. Dá para imaginar então como está a personagem consagrada por Paulo Gustavo nos palcos e nas telas, em Minha Mãe É uma Peça, diante da organização da ceia de Natal. Esta divertida situação é uma das que o humorista apresenta em 220 Volts Especial de Fim de Ano, programa inédito que vai ao ar à meia-noite desta terça-feira (22), na RBS TV.
Com roteiro de Paulo Gustavo e Fil Braz, o especial destaca personagens marcantes de 220 Volts, humorístico com cinco temporadas exibido pelo canal por assinatura Multishow entre 2011 e 2016 e outros encarnados pelo comediante ao longo de sua carreira. Todos eles às voltas com as festividades de final de ano. O Playboy, por exemplo, tenta seduzir uma parente durante o jantar em família, enquanto o Sem Noção causa uma confusão no amigo-secreto da firma.
— Todos esses personagens surgiram muito da minha observação ao longo da vida, sempre fui aquele que imitava a tia, os primos e avós nas festas de família. No fim, apenas coloco uma lente de aumento em tudo aquilo que vejo — explica Paulo Gustavo, em entrevista a GZH.
Gravado em novembro nos Estúdios Globo, o programa dirigido por Susana Garcia (de Minha Mãe É Uma Peça 3) tem oito cenários e um camarim, no qual o ator aparece descaracterizado ao lado do colega Marcus Majella. Herson Capri, Deborah Secco, IZA, Angélica, Mallu Vale, Rafael Zulu e Pedro Novaes completam o elenco de participações especiais.
— A qualidade do material tá muito elevada. Apesar de todos os protocolos, a gente parecia uns astronautas no estúdio (risos). E é muito legal contar com um lugar em que eu possa seguir trabalhando com a minha arte, que me dê liberdade artística — acredita Paulo Gustavo, que está preparando a versão em seriado de Minha Mãe É uma Peça para o Globoplay, com lançamento previsto para o ano que vem.
Paternidade
Para encerrar um ano difícil por conta da pandemia de coronavírus, o humorista acredita que o especial reúne tipos de pessoas que vão facilitar a identificação com o público. Gustavo explica que algumas piadas antigas do 220 Volts ficaram fora de contexto em 2020, por isso, acabaram retiradas do programa.
— Tem certos tipos de brincadeiras que a gente quer apagar para sempre, em que acabávamos sendo preconceituosos, inevitavelmente. Esse especial acho que é também uma forma de me redimir. Eu tenho um filtro meu, quando sai de mim, sai pronto. A gente não pode tolerar nenhum tipo de preconceito — sentencia.
As gravações de 220 Volts Especial Fim de Ano também marcaram a volta de Paulo Gustavo aos estúdios. Após se tornar pai de dois bebês com o marido Thales, em agosto de 2019, ele agradece “aos céus” pelo período de “paternidade estendida” — a ideia era se dedicar exclusivamente apenas por seis meses aos pequenos, mas a pandemia adiou seu retorno à ativa:
— Eu não podia nem ligar a TV porque chorava com as notícias, mas fiquei muito feliz com esse período em que pude estar mais com meus filhos. Só de ver essa loucura do lado de fora e ter podido ficar tanto tempo perto deles foi um privilégio.
Apesar da tristeza que sente com a normalização da pandemia, Paulo Gustavo conta que conseguiu contornar esses momentos com boas risadas. Diz que faz terapia há 15 anos, o que o ajudou a sentir menos o impacto em sua jornada de autoconhecimento durante o isolamento social.
— Eu sou muito transparente comigo mesmo, levo os meus “buracos” o tempo todo para análise. Como sempre cuidei de desfazer esses nós internos, é como se minha conta estivesse paga na pandemia. Então não tive crises — afirma.