Em uma entrevista à repórter Renata Ceribelli exibida na noite de domingo (1) pelo Fantástico, Xuxa, 57 anos, falou sobre o polêmico filme Amor, Estranho Amor (1982), do qual participou quando tinha 18 anos. O longa dirigido por Walter Hugo Khouri ganhou fama de pornográfico e rendeu diversas acusações a Xuxa pela cena em que sua personagem deita seminua em uma cama com um menino de 12 anos.
— É muito bom (ter sido perguntada sobre o filme), porque cada vez que eu falo sobre isso as pessoas levantam essa bandeira, dizendo: mas você transou com um garoto de 12 anos num filme. Então, vamos lá: eu não transei, aquilo é ficção. É ficção, senão, o Arnold Schwarzenegger deveria estar preso, porque matou um monte de gente nos filmes dele —afirmou.
Em seguida, a apresentadora surpreendeu ao recomendar a obra. Por quase 30 anos, ela conseguiu impedir judicialmente a exibição do longa.
— Quem não viu o filme, por favor, veja. Porque esse filme fala de uma coisa muito atual, que é a exploração infantil, isso é a realidade de muita gente. Não é minha realidade, mas é a realidade de muita gente. Então, antes das pessoas me criticarem, as pessoas deveriam saber que isso existe, diariamente, nesse país e no mundo todo, mas, principalmente, nesse país. Muitos meninos e meninas são vendidos e vendidas para políticos, para pessoas que dizem que têm poder, então, é muito importante as pessoas falarem, sim, desse filme — afirmou.
Durante a entrevista, Xuxa também falou sobre maturidade, machismo, preconceito e o padrão de beleza das paquitas. Questionada sobre o fato de todas serem loiras, a apresentadora afirmou que elas "estavam seguindo uma beleza que foi imposto naquele época":
— Mas era uma coisa que eu não queria, mas como não dependia só de mim... Quando elas vinham com seus cabelos pretos lindos, ou castanhos, eu pedia muito para que não mudassem a cor do cabelo, e elas acabavam fazendo isso porque elas viam que tinha mais espaço para as meninas loiras — comentou, afirmando que o programa seguia aquilo que as crianças queriam consumir e que naquela época esse era também o padrão dos brinquedos. — Não é legal as pessoas botaram a culpa no meu colo, dizer a Xuxa só tinha paquita loira, não. A Xuxa só tinha o que as crianças queriam ver naquela época, o que era imposto para as crianças como uma coisa normal e natural — acrescentou.
Xuxa também aproveitou para falar de seu livro infantil, Maya: bebê arco-íris. Com uma temática LGBT+, a história é inspirada na afilhada da Rainha dos Baixinhos e fala sobre um anjo escolhe vir à Terra como filha de um casal de lésbicas.
— A Maya veio pra mostrar que Deus é amor, que não tem preconceito, que não tem discriminação. Preconceito e discriminação vêm do homem, não de Deus — comentou.