A apresentadora Ana Maria Braga está se preparando para voltar aos estúdios e, nesta segunda-feira (21), foi entrevistada pelo Roda Viva, na TV Cultura. Em sabatina ao vivo, a jornalista falou sobre a luta contra o câncer, os 70 anos da televisão e o retorno do Mais Você, com reestreia marcada para o dia 6 de outubro na Globo.
Um dos destaques da conversa foi a justificativa dada por Ana Maria Braga quando ela faz pequenos protestos em seu programa. Recentemente, ela foi vista utilizando brincos e colar de arroz para mostrar sua indignação com a alta do preço do produto. Em outras ocasiões, o próprio Louro José, seu companheiro de bancada, utilizou um nariz de palhaço.
— Eu faço tudo com muita cidadania, e quando fazemos isso, é uma forma de dizer: "A gente está aqui e está achando tudo esquisito". Isso, é claro, mesmo fazendo matérias explicando os motivos. Eu evito discutir política em casa, porque é algo perigoso. (...) A minha função no trabalho é entretenimento, eu não tenho função de falar em quem votar, porque minha opinião pode levar as pessoas a pensarem algo — explicou Ana Maria.
Em outro momento quente do Roda Viva, ela recordou um caso de assédio que sofreu em seu ambiente de trabalho, ainda no período da TV Tupi. Ana Maria contou que foi vítima após apresentar um projeto e que deixou rapidamente a sala. Assustada, chegou a rolar um andar de escadas assim que deixou o recinto. Ela fez a denúncia formal, mas nada ocorreu com o chefe.
Com o passar dos anos, ela acredita que as mulheres têm se fortalecido e que essas situações já estão sendo questionadas. E melhor: os assédios têm diminuído.
— Estamos mais sem vergonha de ser culpada por ter sido assediada. Temos que nos armar para poder se defender e não acho que seja necessário ter que provar o tempo todo. Temos que nos colocar em uma posição de defesa e respeito — frisou ela.
Sobre a competitividade entre as própria mulheres, Ana Maria soube responder (e brincar) com a situação:
— Tinha uma época que me chamavam assim, que eu era Ana Maria "Brega". E eu acho que era mesmo (risos), mas como eu virei diretora das revistas e passei na frente de muita gente, era inevitável. Não tive nenhum problema com isso.
Ainda sobre sua trajetória, ela destacou a volta do Mais Você com o estúdio em São Paulo, onde mora. O projeto já estava sendo desenvolvido antes mesmo da pandemia e agora vai ser colocado em prática. O programa, ao longo dos anos, também a ajudou a se fortalecer nas redes sociais - o que não a incomoda.
— Eu acho uma delícia essa coisa de meme. Eu não crio, eu sou o próprio meme — diverte-se.
Vida pessoal
Em janeiro, a apresentadora surpreendeu o público com a notícia de que estava enfrentando mais um câncer. Foi a terceira vez que ela tratou a doença, que já foi superada. Em 2001, Ana lutou contra um câncer no intestino e, em 2015, contra outro de pulmão.
No início do Roda Viva, a jornalista falou que o "susto" foi o mesmo sentido nas outras vezes, mas que seguiu um pensamento antigo para enfrentar a enfermidade.
— Tem que ter na cabeça que é uma guerra e, como ela é, tem soldado bom e ruim, tem quem morre e tem quem sobrevive. Meu médico dizia que estava dando as armas pra lutar e que se fizer bom uso, é possível vencer. São milhares de células que estão à sua disposição. Eu uso esse pensamento não só para o câncer, mas para tudo na vida — revela.
Outro aspecto levantado pelos jornalistas da bancada foi o quanto ela se vê na televisão ainda. Com mais de 40 anos de atuação, Ana Maria já foi questionada muitas vezes por que não busca outro horário para seu programa ou se ela se imagina em outro posto. Quando tira alguns dias de férias, Ana Maria disse que resolve tudo rapidamente e se vê entediada.
— Eu adoro o que faço, é um prazer tão grande de acordar cedo e fazer o programa. Por que vou me furtar disso? Ao menos que digam que estou gagá, aí eu penso (risos), mas enquanto for gostoso e pessoas gostarem das bobagens, sempre pensando no melhor, não sei o que fazer fora disso — acredita.
Sociedade
O Roda Viva também quis saber a opinião de Ana Maria Braga sobre o contexto político, tanto geral, como da cultura. Mesmo se esquivando dos questionamentos, ela refletiu sobre a questão da verdade, que sempre "será única" e que "ninguém consegue enganar todo mundo o tempo todo".
Nesse discurso, a apresentadora da Globo reiterou o quanto a TV é importante para formar a opinião do público e que ela evita entrar nestas questões porque "seria uma forma de se colocar politicamente", o que ela "nem deseja realizar". Sobre a cultura, foi mais direta:
— Estamos passando por um período de grande dificuldade e desinformação, ainda mais para tratar de cultura de um povo. Houveram desvios na condução da colocação, como no incentivo fiscal à cultura, e também da conta da informação em si, da aplicação de verba. Tudo isso por conta das pessoas que estão envolvidas nesses cargos, seja quem for. É uma forma tão burra, eu diria, em que estão deixando de aproveitar um momento em que se devia lutar mais pela cultura, que é algo que não está acontecendo, no que diz respeito aos artistas — destacou.