No Brasil, só há duas maneiras de assistir à Grey’s Anatomy: ou é pelo canal Sony, na TV por assinatura, ou pela Netflix, único streaming do país que possui a série no catálogo. Essa exclusividade, no entanto, está com os dias contados.
Nesta semana, o seriado ganhou mais uma casa por aqui. O Globoplay anunciou que, em breve, irá disponibilizar todas as temporadas da série médica mais queridinha e assistida pelo público, incluindo os 21 episódios da 16º, que acabou sendo encurtada pela pandemia do coronavírus.
Por enquanto, os capítulos do ano mais recente da série foram exibidos no Brasil apenas na TV fechada. Tradicionalmente, episódios inéditos de Grey’s Anatomy chegam sempre em setembro na Netflix. Porém, neste ano, o seriado não apareceu na lista de estreias do mês da plataforma, e o fato de o serviço não ter confirmado data causou certo estranhamento.
A verdade é que a guerra dos streamings, já evidente nos Estados Unidos, começa a respingar no Brasil. E justamente o seriado protagonizado por Ellen Pompeo é um dos símbolos desse conflito.
Disputa de território
Para explicar a polêmica, voltamos para 2019. A entrada do Disney+, streaming da Walt Disney, abalou o setor. Isso porque a companhia é detentora de clássicos queridinhos do público, como as animações da Pixar, as produções da Marvel Studios e a franquia Star Wars. De fato, a nova plataforma chegou com muita munição para atrair assinantes, com o direito de "furtar" produções de seus concorrentes e, ainda, exigir exclusividade.
Grey’s Anatomy é uma das figurinhas que está no centro dessa disputa, ainda mais por continuar no foco do público mesmo após 15 anos no ar. A série pertence ao canal americano ABC, que faz parte do conglomerado de empresas da Disney. Por isso, circulam rumores de que o seriado pode sair do catálogo da Netflix e migrar para o da Disney+.
A debandada de produções para o novo streaming ainda não atingiu Grey’s, que segue no catálogo da Netflix tanto nos Estados Unidos como no Brasil, embora o movimento seja uma realidade. Lost e Revenge já saíram do catálogo do streaming, e Station 19, spin-off de Grey’s Anatomy, tem sua despedida marcada para 1º de setembro.
Mais de um teto
Se, na ficção, as personagens Meredith Grey (Ellen Pompeo) e Cristina Yang (Sandra Oh) eram “a pessoa” uma da outra, na vida real, Grey’s Anatomy tem a possibilidade de ser mais seletiva. O corre-corre dos streamings pode fazer com que a série tenha mais de uma casa no Brasil. Além da Netflix e do Globoplay, a Amazon Prime Video também irá oferecer todas as temporadas do seriado a partir de 15 de setembro, após um acordo feito com a Disney no ano passado.
Tem também o Disney+, que chega ao país no dia 17 de novembro. Mas a tendência é de que o novo streaming não apareça em terras nacionais com a série médica, já que ela ainda nem está no catálogo americano.
As muitas moradas de Grey’s Anatomy não seriam um feito inédito. No Brasil, o compartilhamento de produções é mais comum do que em outros lugares: The Walking Dead, por exemplo, está disponível nas três principais plataformas do país, apesar de pertencer à Fox, outro canal sob o guarda-chuva da Disney.
Nessa guerra, mais do que “vença o melhor”, a única coisa que interessa o público é que a série esteja ao alcance de suas telas, independentemente do teto escolhido como abrigo. É a velha máxima: se organizar direitinho, todo mundo assiste.