Pessoas com histórias mal resolvidas devem ter se confrontado com o isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus. A quinta temporada de Queer Eye, que estreia nesta sexta-feira (5) na Netflix, mostra exemplos muito extremos dessas situações em seus 10 episódios inéditos – que vão causar um mar de lágrimas aos espectadores.
Por isso, a nova fase dos cinco fabulosos – como é chamado o grupo que transforma a vida de seus escolhidos – chega em tão boa hora. Logo no episódio de abertura, o público conhece Noah Helper, pastor de uma igreja luterana da Filadélfia que tem dificuldades para aceitar a própria sexualidade: ele é gay, e sente que isso é um problema para liderar o centro religioso.
Só por essa história, o quinteto protagonista já nos mostra a necessidade de irmos até o outro – algo tão necessário em tempos de pandemia. Mas, ao longo da temporada, o espectador ainda será apresentado ao caso de um pai que sonha em construir um restaurante, mas não consegue ter tempo para os filhos e a esposa. Assim, ele retoma uma briga de anos com a herdeira mais velha, que saiu de casa. Toda a situação, em sua resolução, é muito bem definida por Jonathan Van Ness.
— Não fico tão feliz com uma história de sucesso americana desde o álbum da Mariah Carey na década de 90, com vários hits, meu bem. É o que esta família está fazendo. Se esforçando, servindo várias músicas top 1 e mal posso esperar para ver o sucesso do restaurante — compara o personagem, em uma inteligente referência à cultura pop.
Outras histórias também marcam a nova fase, como a de uma médica que sofre para se aproximar da filha de três anos e a de uma jovem que é líder de uma ONG de ativistas. Em todos os episódios, temos a mesma sensação: o mundo precisa de mais fabulosos por aí, prontos para colocar o humanismo, a paz interior e o amor em primeiro lugar. Em função do isolamento, não podemos dar um abraço, mas contar com frases carregadas de energia positiva e esperança faz diferença.
Inovação
O seriado da Netflix, que lançou sua primeira temporada em fevereiro de 2018, é um remake de Queer Eye for a Straight Guy, exibido pela Sony entre 2003 e 2007. A principal inovação é vista ainda na segunda temporada da nova versão, em que os fabulosos passam a ajudar pessoas de diferentes sexos, gêneros e posições sociais, e não somente homens heterossexuais como na primeira versão do programa.
A localização das gravações também diz muito sobre a emergência da discussão. Enquanto a versão anterior se passa em Nova York, uma cidade plural, as duas primeiras temporadas do remake foram ambientadas no Estado da Georgia. A região é considerada uma das mais conservadoras em relação a LGBTs+ nos EUA.
A atração também ganhou um ar mais alegre graças aos novos fabulosos, que são mais carismáticos. O quinteto é formado pelo especialista em cozinha Antoni Porowski, o estilista Tan France, o ativista Karamo Brown, o cabeleireiro Jonathan Van Ness e o arquiteto Bobby Berck.
A sexta temporada de Queer Eye está confirmada, mas teve as gravações paralisadas devido ao coronavírus. Outra expectativa para os fãs da série é o lançamento de uma versão brasileira, que foi confirmada pela Netflix. Ainda não se sabe se a atração nacional será com o elenco norte-americano visitando o país ou com novos fabulosos do Brasil. Apenas sabemos que, independentemente de onde pisa, o quinteto seguirá aquecendo nossas almas e colocando tudo em equilíbrio.