Unidade Básica poderia ser somente mais uma na grande lista de séries médicas já produzidas no mundo todo. Porém, diferentemente de House e Grey’s Anatomy, que giram em torno da correria dos grandes hospitais e dos diagnósticos de doenças raras, a produção brasileira aposta em um formato mais simples, mas não menos importante: a medicina familiar em um posto de saúde da periferia.
A segunda temporada, que estreia neste domingo (3) com um episódio duplo, a partir das 23h, na Universal TV (canal de TV por assinatura que está com sinal aberto), tem como protagonistas os médicos Paulo e Laura, vividos pelos atores Caco Ciocler e Ana Petta - que também assina a criação da série ao lado da irmã e médica na vida real, Helena Petta, e do roteirista Newton Canitto.
— Eu sempre achei a série muito corajosa, porque ela abre mão de todos os ingredientes de outras séries médicas do mundo, que são a adrenalina, os casos mirabolantes. Ela aposta em outros ingredientes, com um ritmo mais cotidiano, e a luta pela medicina mais afetiva — falou Caco para GaúchaZH, em uma entrevista coletiva por vídeo com o elenco e a equipe do seriado.
— Tem quinhentas séries médicas e ninguém fala de diabetes? É impossível. É uma das doenças que mais mata no mundo — destacou Canitto.
Todos os casos retratados em Unidade Básica são baseados em fatos reais, buscados através de pesquisas e da própria experiência de Helena no exercício da medicina. Nesta temporada, estarão em pauta violência contra a mulher, aborto, racismo, doenças como tuberculose e a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) nos bairros.
— Temos uma rede de pessoas que têm experiência em atenção básica, visitaram Unidades Básicas de Saúde (UBS), e os temas retratados na série vieram dessas discussões sobre medicina de família e sobre saúde coletiva. Em cada episódio, a gente aprofunda o tema e vai atrás de pessoas que estão diretamente ligadas naquela questão — comentou Helena.
Na segunda temporada, Unidade Básica irá focar mais no crescimento de Laura, que deixa de ser uma médica recém-formada para se tornar uma profissional essencial no atendimento do posto, principalmente junto às mulheres. Aliás, os nomes femininos aumentaram tanto na frente como atrás das câmeras em relação ao primeiro ano, exibido em 2016.
— Tem muito a ver com o momento em que criamos a primeira e a segunda temporada. Nesse tempo, vimos um crescimento das mulheres na produção da série. É uma coisa muito forte, que acompanha a sociedade, que é essa questão feminista — disse Ana Petta.
Já o personagem de Caco, que possui 15 anos de experiência em saúde da família, seguirá com seus métodos menos ortodoxos de cura, baseados mais na conversa e em recursos da psicologia.
— O Paulo olha a doença como sintoma de uma realidade particular, daquele microcosmo do paciente. Enquanto todo mundo olha a doença, ele olha para o entorno da doença — explicou o ator, que, nesta temporada, também dirige dois episódios.
Homenagem aos que estão na linha de frente
Assim como Sob Pressão, série brasileira da Globo que também escancara os problemas no sistema de saúde do país, Unidade Básica não possui glamour, mas não desconstrói o heroísmo do médico. Mesmo gravada no ano passado, sem o contexto do coronavírus, a segunda temporada estreia como uma homenagem aos profissionais de saúde que combatem à pandemia.
— A pandemia da covid-19 escancarou os problemas enfrentados pelos profissionais de saúde e a importância do SUS na vida dos brasileiros. Nossa estreia coincide com esses tempos de incertezas, mas de profunda gratidão aos médicos, enfermeiros, agentes comunitários e todos que estão na linha de frente na luta pelas vidas — ressaltou a diretora-geral, Caroline Fioratti.
— Esses caras são os heróis, estão na linha de frente, contaminados, expondo suas vidas, para salvar a vida de outras pessoas. E a série traz muito esse lado, esse heroísmo real, da pessoa que escolhe essa profissão. Da pessoa que escolhe trabalhar em uma Unidade Básica de Saúde — explicou Caco Ciocler.
No elenco de Unidade Básica, também estão os atores Vinícius de Oliveira, Carlota Joaquina, Fabiana Gugli, Lina Mello e Gabriel Calamari.