O protagonismo feminino está mais efervescente nesta edição do Big Brother Brasil. Vejam os seguintes dados:
- pela primeira vez em 18 anos de programa, quatro homens foram eliminados na sequência no primeiro mês (Chumbo, Petrix, Hadson e Lucas);
- em seis semanas, apenas uma mulher deixou a casa (Bianca), um feito também histórico nas 20 edições do reality;
- o programa atual também se destaca pelo número de sisters dentro da casa: pela primeira vez, nove mulheres sobreviveram até a sexta semana de confinamento (Flayslane, Gabi, Gizelly, Ivy, Manu, Marcela, Mari, Rafa e Thelma).
Esses são apenas alguns números que comprovam que bandeiras como a do feminismo e da igualdade de gênero, tão discutidas hoje, também esparramaram para o reality show — um programa que, apesar de ser considerado entretenimento, também acaba refletindo a postura atual da sociedade. Afinal, a escolha dos eliminados e do vencedor é do público, que vivenciam e opinam sobre os temas.
Arrastão no BBB 20
No caso do BBB 20, algumas ações tomadas pelos participantes fizeram com que o protagonismo feminino ganhasse força. A principal delas foi o chamado "teste de fidelidade", plano orquestrado por alguns homens da casa para seduzir, de propósito, as sisters comprometidas, na tentativa de prejudicar a imagem delas perante ao público.
Diferentemente de outras edições, quando os participantes, no início, se uniam pela afinidade, dessa vez outros grupos se formaram: homens x mulheres. De camarote, observando tudo, estava o público, que usou Daniel e Ivy, expostos em uma casa de vidro dentro de um shopping, para levar informações de apoio às sisters. Foi formada, então, uma rede de proteção das mulheres — a chamada sororidade, citada por Manu Gavassi em um dos programas. As buscas pelo termo no Google aumentaram 140% após a palavra ser falada no reality.
A partir daí, começou o arrastão: Lucas Chumbo já tinha sido o primeiro eliminado. Depois, foi a vez de Petrix, Hadson e Lucas. Bianca Andrade quebrou a onda de saídas masculinas — muito porque não acreditou no plano dos homens e duvidou das sisters, sendo criticada. O sexto eliminado do BBB 20 foi Guilherme, no momento em que o público começou a debater sobre abuso emocional em seu relacionamento com Gabi.
No programa atual, também foi apostado que alguns brothers cometeram assédio e importunação sexual (Petrix, Pyong e Daniel). Internautas chegaram a pedir a expulsão dos participantes, como já aconteceu em outras edições do BBB. Os atos de Petrix e Pyong foram parar na Polícia Civil, que investiga os casos.
Primeira década de BBB: os homens
No placar geral de vencedores do BBB, 10 homens e 9 mulheres chegaram ao primeiro lugar na competição. Na primeira década do programa, o protagonismo foi deles: do BBB 1 até o BBB 10, Cida (2004) e Mara (2006) foram as únicas mulheres a ganhar a competição.
As duas possuíam o mesmo perfil: com origem humilde, precisavam ganhar a bolada para sustentar suas famílias — diferentemente dos brothers vencedores no período, que tinham objetivos e ideais distintos (o queridinho do público, o jogador, o excluído, o vilão, etc).
Segunda década de BBB: as mulheres
As meninas começaram a acumular vitórias no reality a partir segunda década de programa. Até agora, em todas as edições, pelo menos uma mulher esteve na disputa pelo prêmio máximo no último programa, que define o vencedor. Em três programas (2014, 2016 e 2017) houve a presença somente de sisters na final. Nunca, na história do Big Brother brasileiro, apenas homens chegaram ao último dia de confinamento.
Também nos últimos 10 anos somente três brothers venceram (BBB 10, 12 e 15). Do BBB 16 até agora, só sisters ganharam R$ 1,5 milhão. E, desde o BBB 11, que declarou Maria Melilo como campeã, as meninas começaram a vencer com perfis e cenários completamente diferentes, assim como os homens na primeira década de reality.