O tema da vez do Big Brother Brasil 20 é o romance de Gabi e Guilherme. E não só porque o brother está no paredão que será decidido na noite desta terça-feira (3), em que ele disputa a preferência do público com a advogada Gizelly e o hipnólogo Pyong. A questão é que o relacionamento do casal tem sido marcado por declarações de amor e muitas lágrimas.
Confinados desde 21 de janeiro, a cantora e o modelo se aproximaram em semanas. O primeiro beijo dos dois viralizou na internet por conta da fala da sertaneja:
– No meio de tanta maldade e de tanta guerra, eu consegui me apaixonar por você – declarou a loira.
A mineira pediu o paulista em namoro dias depois – e ele aceitou. No entanto, não demorou muito para que o romance fosse abalado. Em uma festa, a influenciadora Bianca Andrade, a Boca Rosa, já eliminada, disse que tinha vontade de beijar Guilherme. Embora não tenha acontecido nada entre os dois, Gabi só soube da interação porque a empresária carioca pediu desculpas para ela. Mas foi o suficiente para que a cantora começasse a se sentir insegura sobre a relação.
Desde então, os dois passam os dias entre trocas de carinho e (muitas) DRs. A sister muitas vezes se mostra sensível ao comportamento do brother, de forma que a maioria das discussões acaba com ela aos prantos e pedidos de desculpas, de ambos os lados.
Nas redes sociais, toda essa situação alimenta a hashtag #ForaGuilherme, que ocupa o primeiro lugar no Twitter a poucas horas do paredão que define o destino do modelo no reality. Usuários estão usando a rede social para falar sobre abuso emocional – o que, segundo profissionais da área da psicologia, não é saudável em nenhum tipo de relação.
O que é abuso emocional?
É uma situação, dentro de um relacionamento afetivo, em que há manipulação, controle ou chantagem sobre o outro. Normalmente, vítimas de abuso emocional não conseguem perceber o contexto em que estão inseridas.
– Estamos falando de uma relação hétero, mas isso se dá em relações homossexuais também. É quando um dos parceiros imprime um constante sofrimento ao outro e tenta imputar a ele responsabilidade e culpa pelos problemas que acontecem na relação – descreve Jane Felipe, psicóloga e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O abuso emocional se dá muitas vezes de forma estrutural, a partir da educação que se dá para homens e mulheres. Acho um equívoco educar as pessoas achando que o outro vai completá-las".
JANE FELIPE
psicóloga e professora da Faculdade de Educação da UFRGS
Jane, que integra o Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero, acrescenta que muitos relacionamentos amorosos são construídos com base na teoria da "metade da laranja", quando um precisa do outro para ser completo e feliz, e que isso pode ser uma armadilha:
– O abuso emocional ocorre muitas vezes de forma estrutural, a partir da educação que se dá para homens e mulheres. Acho um equívoco educar as pessoas achando que o outro vai completá-las. Você acaba criando dependência emocional. As mulheres, talvez, sejam ainda mais criadas assim. Nossa cultura de modo geral acaba reforçando essa ideia – analisa.
Jane diz ainda que uma pessoa pode cometer abuso emocional mesmo sem se dar conta. Trata-se de uma questão cultural, explica:
– De fato, a pessoa pode cometer um abuso emocional sem perceber, porque ela foi educada dessa maneira. Nós aprendemos a nos relacionar afetivamente de acordo com ditames da cultura, muitas vezes. Então se os homens são educados a exercerem certo protagonismo e a terem uma postura mais autoritária, eles vão acabar exercendo de algum modo essa posição mais autoritária em seus relacionamentos.
No programa, Rafa Kalimann e Gizelly já conversaram com Gabi a respeito do seu namoro com Guilherme. A interferência de terceiros pode ser importante para identificar um suposto ato de abuso emocional, segundo a psicóloga e especialista em terapia de casal Rafaela Teló Klaus. Isso porque a pessoa que está passando por essa situação normalmente não reconhece:
– Feedback de amigos, colegas de trabalho e pessoas próximas, insegurança, tristeza, sentimento de impotência, todos são sinais importantes que a gente pode considerar.
Pelo que se vê, as tensões do jogo e o confinamento em si têm aflorado ainda mais os sentimentos de Gabi e Guilherme. Os dois já chegaram a romper o relacionamento, mas acabam voltando.
Naturalmente, a proximidade faz diferença. Dentro da casa, os dois não conseguem ficar afastados por muito tempo. No entanto, reforça Rafaela, um namoro "ioiô" pode ter consequências emocionais sérias para os envolvidos:
– Isso só desgasta a relação. Faz com que o casal perca, muitas vezes, o respeito um pelo outro e vira uma onda de sofrimento muito intensa. Não é bom para nenhum dos dois.
Embora não seja telespectadora do programa, Rafaela acredita que discutir um tema como esse seja positivo, mas ressalta que não estamos falando de ficção:
– Faz com as que pessoas parem, olhem, falem sobre o assunto. O que me gera um pouco de preocupação é que essa situação não envolve personagens, são pessoas reais.