Bruna Marquezine estreia como protagonista no cinema com um filme que desafiou não apenas seus talentos como atriz, mas seu corpo. Vou Nadar até Você, exibido na segunda-feira (19) no Festival de Gramado como parte da mostra competitiva de longas brasileiros, narra a história de Ophelia, jovem que decide sair em busca do homem que pode ser seu pai em uma jornada a nado de Santos até Ubatuba, a 281 quilômetros de distância.
Boa parte do filme, portanto, se passa com Bruna na água, e a atriz decidiu se preparar com um treinamento físico à altura nas piscinas do Pacaembu, em São Paulo.
— Tive que fazer aulas de natação por todo o período que eu fiquei hospedada em São Paulo. Precisei fazer até para entender mais sobre a técnica, a Ophelia nada profissionalmente, por isso tem o preparo físico para entrar nessa aventura. E eu precisava também ter esse preparo porque havia muitas cenas na água — conta a atriz, em entrevista no hotel em que está hospedada em Gramado.
Ela também conta que um dos motivo para assumir a personagem foi o diretor, Klaus Mittenldorf, fotógrafo e artista visual que também faz sua estreia no cinema com Vou Nadar até Você.
— Eu sabia que seria um filme belo, de arte, e de cara eu soube que seria um bom papel para estrear.
Outro dos motivos que a levaram ao projeto foi a própria identidade da personagem, que ela afirma tê-la "encontrado" no momento certo.
— Eu tinha o desejo de fazer cinema, e, quando a Ophelia surgiu, o roteiro e a personagem me encantaram. Eu acho a determinação dela, a forma como ela decide embarcar, mergulhar nessa história, tão simbólica para ela. de ir atrás do pai. Ao mesmo tempo é uma jornada de autoconhecimento, então a determinação, a força dela, e a delicadeza dessa menina me encantaram.
Bruna veio a Gramado com os pais, Neide e Telmo Maia, que a acompanharam na estreia do filme no Palácio dos Festivais. Devido aos compromissos de divulgação, não havia aproveitado muito a cidade até a tarde desta terça-feira (20). Mas define a sessão na noite de segunda-feira como um momento emocional.
É muito significativo estrear no cinema em um momento como esse (...) Tenho muito orgulho de ser artista"
BRUNA MARQUEZINE
— Fiquei muito feliz. Tive o retorno de alguns amigos que estavam presentes, mas confesso que já havia assistido ao filme antes e eu estava, na verdade, olhando para a cara da minha mãe querendo muito saber o que ela achava. E o que os outros atores que ainda não haviam assistido estavam achando.
Consagrada por seu trabalho na TV, Bruna se junta às fileiras dos atores de cinema em um momento particularmente conturbado da produção nacional, alvo direto das políticas do governo federal. Ela reafirmou o papel da arte como resistência, apesar do momento conturbado.
— De fato é muito significativo estar estreando no cinema em um momento como esse. Ontem me emocionei muito com o depoimento do Lázaro (Ramos, homenageado da noite com o Troféu Oscarito), ouvindo a história dele. Eu tenho muito orgulho de ser artista. A arte, para mim, é essencial, é um pilar da nossa sociedade, é tão importante quanto a educação e a cultura. E me entristece pensar que a gente não vai ter todos os tipos de histórias sendo contadas. A gente precisa de representatividade, a gente precisa contar todos os tipos de histórias. As pessoas precisam ser ouvidas e têm tanto a contribuir — lamentou.