Em A Dona do Pedaço, nova novela das nove (RBS TV, 21h20min), Amadeu é filho dos poderosos Nilda (Jussara Freire) e Miroel (Luiz Carlos Vasconcelos). Interpretado por Marcos Palmeira, o personagem se apaixonou por Maria da Paz (Juliana Paes), jovem de família rival, e levou um tiro quando ambos estavam prestes a se casar. Acaba sobrevivendo e, depois de meses em recuperação, casa-se com Gilda (Heloísa Jorge), sua fisioterapeuta, com quem tem um filho, Carlito (João Gabriel).
No entanto, sua vida irá estremecer ao reencontrar Maria da Paz em São Paulo. Marcos Palmeira, 55 anos, causou sensação no interior do Rio Grande do Sul durante as gravações de A Dona do Pedaço, no começo do ano. O ator retorna a um folhetim da Globo após Velho Chico, de 2016.
Em entrevista a ZH, ele fala sobre a nova novela e as gravações no Rio Grande do Sul:
Como você lida com a reviravolta do seu personagem?
O Walcyr (Carrasco, autor da novela) não esconde muito as tramas, ele propõe, desenrola, é uma cabeça muito doida, no bom sentido. Tentamos acompanhar da melhor maneira possível. Walcyr é muito criativo, tem as ideias mais loucas, e temos que transformar em algo crível, real. Mas o meu personagem logo vai para São Paulo, deixa o lado mais rural e vira mais urbano. Fica toda essa questão, mais rústica, da família de justiceiros e do que isso pode aflorar nele.
Como é ser dirigido por sua ex-esposa Amora Mautner em uma novela que tem o empoderamento feminino como tema?
Minha filha está nas nuvens, felicíssima, de ver os dois juntos. Para nós, é o recomeço de uma nova história, tem sido muito legal. De alguma maneira, é resgatar o prazer do entretenimento em uma novela das nove. E esse é o momento das mulheres, elas são as donas do pedaço, temos que comer pelas beiradas.
Como você vê a atual situação da cultura no Brasil?
Não sei se o Brasil é um país em que não há espaço para a cultura. Os políticos não enxergam como forma de transformação social, o que é uma pena, sendo que temos um potencial cultural enorme. Temos expressão internacional na música, na dança, no cinema. Acho que não adianta correr: os políticos podem brigar, mas a cultura resiste. São muitos anos difíceis com pouco recurso e a gente faz milagres.
Você acha que ficou melhor com a idade?
Vocês que têm que me dizer (risos), eu estou me sentindo muito bem, estou com saúde, animado, com energia para fazer as coisas, mais experiente. A vida é isso, ela me oferece o que sou agora. Como produtos orgânicos, jogo futebol, tênis, faço pilates, estou sempre me exercitando.
Você acha que o casal com Juliana Paes vai ser “shippado”?
Temos uma química legal. A Juliana é parceira, sempre disponível para fazer, acontecer e fluir bem em cena. Queremos ser bem felizes nesse trabalho. Estaremos muito tempo fora, trabalhando, pensando no que vai ser feito, e queremos que sejam 10 meses para curtimos o que fazemos, e também que o público goste do que estamos fazendo.
As gravações no Rio Grande do Sul combinaram com o ambiente da novela? Como lidou com o contato dos fãs nas ruas?
Por uma questão de locação, fomos para aí, e na concepção estética, funcionou bem. O Rio Grande combina com A Dona do Pedaço. A trama se passa no Espirito Santo, mas vai remeter que estamos em algum lugar diferente de lá, pode ser em qualquer ponto do mundo. É a história de uma mulher que não depende de homem para viver, para ser feliz, mas ao mesmo tempo tem a possibilidade de encontrar um grande homem, eu mesmo (risos). E nas ruas, foi incrível, o carinho foi lindo... e não tem como não gostar de carinho né?!
Questões sociais em debate
O amor de Maria da Paz (Juliana Paes) e Amadeu (Marcos Palmeira) e a disputa de famílias rivais não são as únicas tramas de A Dona do Pedaço. Além de a personagem de Juliana fugir para São Paulo, após acreditar que seu noivo foi morto, suas sobrinhas são raptadas como vingança da família de Amadeu e desaparecem no interior do Espírito Santo. Condenadas à morte, as meninas acabam abandonadas pelo assassino. Fabiana (Maria Clara Baldon quando criança e Nathalia Dill) acaba criada em um convento. Um dia, já crescida, assistindo à TV, depara com sua irmã perdida, Virgínia (Duda Batista/Paolla Oliveira), agora é uma poderosa influenciadora digital que mora em Vitória com sua família adotiva. Graças a um par de amuletos que ganharam da avó no primeiro capítulo, as duas se reencontram, e Fabiana fica obcecada em conquistar a mesma vida luxuosa da irmã, criada por Otávio (José de Abreu) e Beatriz (Natália do Vale).
Em outro núcleo da novela, Agno (Malvino Salvador) é sócio e amigo de Otávio, mora com a mulher Lyris (Deborah Evelyn), a sogra Gladys (Nathalia Timberg), o cunhado Régis (Reynaldo Gianecchini) e a filha Cássia (Mel Maia). O casamento está em crise e Agno parece ter um segredo. Sites de TV apontaram, recentemente, que o personagem terá um romance com o instrutor de boxe Rock (Caio Castro) – informação não confirmada por Walcyr Carrasco e tampouco pelo elenco.
Além disso, os vizinhos de Maria da Paz em São Paulo também promoverão outros debates na trama. Cornélia (Betty Faria) luta para manter a família com uma aposentadoria sofrida e tendo de lidar com discussões entre o filho Eusébio (Marco Nanini) e o marido Chico (Tonico Pereira). Cornélia tem quatro netos: Zé Hélio (Bruno Bevan) trabalha na fábrica de bolos de Maria da Paz, Rock, Rarisson (Glamour Garcia) se muda para cursar faculdade e Sabrina (Carol Garcia) tem um trabalho noturno enigmático.
O personagem vivido por Glamour Garcia irá debater a transição de gênero, já que Rarisson passará a se chamar Britney depois de voltar da cidade universitária.