Nascido no Rio, Marcos Palmeira é um híbrido de carioca com gaúcho. Em sua trajetória, estrelou Histórias Gaúchas: Farrapos, série educativa sobre a história da Revolução Farroupilha produzida pela RBS, e atuou em filmes rodados no Rio Grande do Sul – como Anahy de las Misiones (1998) e Quase Um Tango (2009), o que contribuiu para solidificar seu vínculo com a província de São Pedro.
– É um Estado importantíssimo para a minha carreira e para a minha vida pessoal, pois tenho grandes amigos aqui e fui casado com uma gaúcha. Fiz aqui filmes importantíssimos da minha carreira, e Anahy é um deles. Ou a série da RBS sobre a Revolução Farroupilha, que eram pílulas de um minuto em horário nobre – conta o ator, à beira da piscina do hotel de São Gabriel onde está hospedado.
Marcos atendeu a reportagem entre um banho de sol e outro. Estava de sunga e tomava um mate.
– Me sinto em casa aqui, as pessoas são muito carinhosas. Retomei o costume de tomar chimarrão. Adoro usar bombacha, já é um hábito. Foram coisas que fui adquirindo com essas passagens. Adoro cavalo criolo. Tenho afinidade total com o Sul – garante.
Aos 55 anos, Marcos é também fazendeiro e empresário de produtos orgânicos – como hortaliças, frutas, leite e queijos –, e também aplica seu olhar empreendedor para os municípios que se hospedou durante as gravações de A Dona do Pedaço.
– Não canso de enxergar o potencial que a gente tem de um turismo ecológico e sustentável. Jaguari, Jaguarão e São Gabriel poderiam ser grandes locações de cinemas e séries. Você pode criar esse hábito cultural da cidade, dos hotéis, das comidas típicas, da tradição, tudo isso é muito rico para mim. É um casamento do trabalho com minha vida pessoal – avalia.
Lado empresário convive com atividade artística
Entre as causas que defende ou enfrenta, Marcos costuma chamar a atenção para a importância da alimentação orgânica, além de criticar a corrupção no país:
– O Brasil ainda precisa enxergar o país que há dentro dele. O que eu vejo no Sul é uma sensação de potencial rico. É um Estado bastante organizado e limpo. Mas não sei quanto isso é real no dia a dia. O Brasil como um todo deu uma caída. Agora a gente precisa encontrar força para emergir. Acho que através da cultura é um caminho maravilhoso, além do turismo e da educação.
O lado empresário prossegue:
– Nessa minha volta ao Sul estou bem mais maduro, como ator e homem. Como produtor orgânico também, podendo enxergar todo o potencial que a gente tem de ser um celeiro de alimentos, não de commodities. O Brasil ainda tem essa chance de ser o maior produtor de alimentos do mundo.
O lado ator é incansável. Ele participou de Minha Vida em Marte, que estreou em 2018. No ano passado, também rodou quatro filmes que estão para ser lançados: Boca de Ouro, de Daniel Filho; A Divisão, de Vicente Amorim; Cidade do Medo, que aborda as Unidades Pacificadores do Rio e tem direção de Caio Cobra; e Barulho da Noite, de Eva Pereira, o qual descreve como um filme de arte. Como concilia o lado ator e o empresário?
– Estou o tempo todo falando com a fazenda. Eu adoro estar preocupado com as vaquinhas, as galinhas, o queijo, a comida. O segredo é o prazer de fazer. Minha avó sempre falava que a vida é movimento. Então, acho que o movimento faz parte – reflete.