
A minissérie Elis - Viver é Melhor que Sonhar retrata, em quatro capítulos, a jornada de Elis Regina, uma das maiores vozes do Brasil, a partir do dia 8 de janeiro, após 10 Segundos Para Vencer, na Globo.
Baseada na cinebiografia da cantora e dirigida por Hugo Prata, a produção mistura cenas do filme Elis, lançado em 2016, com material documental e novas sequências gravadas pela protagonista Andreia Horta. Sergio Guizé, como Tom Jobim; Mel Lisboa, na pele de Rita Lee; e Thelmo Fernandes, que interpreta Vinicius de Moraes; se juntam a nomes como Lúcio Mauro Filho, que deu vida a Luiz Carlos Miele no longa. Segundo o diretor, desde o início determinou-se que a proposta deveria ir além de fatiar o filme em quatro partes.
— A Elis Regina é um diamante brasileiro e merece ir para públicos cada vez maiores. Ela realmente participou da construção da cultura desse país. Quando nós fizemos o filme, não sabíamos que iria virar uma minissérie, então mergulhamos naquilo e foi ótimo. O longa chegou acima da nossa expectativa. Então, foi uma grata surpresa esse convite — conta Hugo Prata.
O fio condutor da minissérie é uma entrevista fictícia gravada por Elis (Andreia Horta), criada a partir de declarações reais da cantora e que seria a última, pouco antes de sua morte, em 1982. Mas também há a cena inédita de um teste que Elis fez diante de Tom Jobim (Sergio Guizé) e Vinicius de Moraes (Thelmo Fernandes) e a visita da cantora a Rita Lee na prisão, em 1976.
— Elis e Rita não se conheciam pessoalmente. Mesmo assim, ela fez questão de vê-la na cadeia e a justificativa ela dá ao marido. Eu acho que é uma frase que diz muito sobre quem é a Elis: "Uma pessoa que escreve essas coisas que essa menina escreve não pode ficar presa". É dessa natureza a alma dela. É muito bom quando temos a possibilidade de contar a história de uma pessoa dessa magnitude — relata o roteirista George Moura.
Para Andreia Horta, foi um susto receber a ligação de Hugo Prata convidando-a para reviver a personagem, três anos depois de rodar as cenas para o cinema. Só após pensar um pouco, Andreia viu que o projeto poderia realmente ser ampliado na televisão, ganhar novo público e ficar mais completo, com outras sequências e depoimentos.
— Quando o Hugo me ligou dizendo que nós faríamos algumas outras cenas, falei: "Não, essa ideia não é boa. Nada a ver. Três anos depois, não tem como", mas acabei achando maravilhoso. Pensei que, já que estavam batendo na minha porta, não poderia recusar o convite. É ótimo colocar esse projeto em uma plataforma que distribui para o país inteiro e para o exterior — analisa Andreia.

Também não é a primeira vez que Mel Lisboa interpreta Rita Lee. A atriz deu vida à cantora no musical Rita Lee Mora ao Lado e conseguiu abordar outros aspectos da personagem nesse projeto. De acordo com ela, no teatro, a personagem era solar mesmo nos momentos mais tristes. Enquanto isso, a Rita da minissérie está em uma situação de fragilidade.
— Era um musical, então tinha uma coisa muito pra cima. Na minissérie, Rita tinha sido presa e a Elis vai à cadeia atrás dela, querendo ajudar. E Rita está acuada, com medo. Foi uma experiência nova para mim: fazer a mesma personagem, mas em situações diferentes — ressalta Mel.
Enquanto isso, Lúcio Mauro Filho vê a oportunidade de interpretar Luiz Carlos Miele no filme e em Elis - Viver é Melhor que Sonhar como uma homenagem ao amigo, que faleceu em 2015. E também como um trabalho que fez os diretores e produtores de elenco perceberem que ele pode viver personagens com perfis diferentes do Tuco de A Grande Família.
— Digo que esse episódio é muito importante no filme da minha vida. O Miele não conseguiu ver o resultado, mas deu tempo dele ir lá, no último dia do set de filmagem, no Beco das Garrafas (no Rio de Janeiro), se tremendo todo e chamando a Andreia de Lilica (apelido de Elis). Foi um momento muito mágico. A gente sequer poderia imaginar que era a última vez que estávamos encontrando o Miele, que partiu 30 dias depois — lembra.