Léo Pain foi muito além do que esperava. Quando começou a disputar o The Voice Brasil, há pouco mais de três meses, o cantor gaúcho confidenciou ao amigo Bernardo Raddatz, de Santa Maria, que aquilo era a concretização de um sonho. E se daria por contente se chegasse a três fases, das sete do programa. Foi muito além. É um dos quatro felizardos que disputarão, na noite desta quinta-feira (27), a final do mais prestigiado concurso musical brasileiro, organizado pela Rede Globo.
O vencedor leva R$ 500 mil, um carro zero quilômetro e um contrato com a gravadora Universal Music. Adivinha qual dos três prêmios Léo mais almeja? Como cantor-raiz – começou nos palcos de um CTG aos 13 anos, hoje está com 34 – o desejo maior é pela garantia de um acerto profissional com a gravadora.
– Se bem que R$ 500 mil ninguém despreza – graceja.
A participação no The Voice catapultou a agenda de Léo, que está preenchida até o Ano-Novo. De terças a domingos têm shows marcados, a maioria no Sul do Brasil. Shows ele já fazia, mas agora os cachês vão aumentar, comemoram os amigos.
Léo é um retrato dos tempos modernos do cancioneiro brasileiro. O visual é meio Elvis Presley, topete no cabelo puxado para trás e roupas elegantes. O repertório: sertanejo, o preferido de seis em cada dez brasileiros. Mas, fiel às origens, nas horas vagas ele prefere mesmo música nativista gaúcha, herança do convívio com o tio, o cantor gauchesco Wilson Paim, e dos bailes de infância e adolescência em Alegrete (RS), no coração da Campanha rio-grandense.
É em Alegrete que Léo se criou e lá que a mãe dele mora. As raízes o cantor não esquece: mantém uma pequena chácara em Espumoso (norte gaúcho, terra de sua esposa Lidiane), onde cria ovelhas, quatro éguas crioulas e um potrilho. Quando consegue um tempo, sai direto dos bailes, "noite virada de sono", para cavalgar.
– Ele sempre gostou de rodeio e de cavalo – resume a esposa, Lidiane Cansi, que trabalha como bancária em Espumoso e vê o marido apenas nos fins de semana. Uma peregrinação que, espera ela, agora vai acabar.
Léo se mudou para Santa Maria há 15 anos. Lá o cantor e amigos formaram uma banda. Queria ser engenheiro elétrico, mas a música garantiu o sustento.
Não é pelo fato dele viver em Santa Maria que Alegrete, terra de Mário Quintana, esqueceu de Léo, seu mais novo filho ilustre. Um telão e arquibancadas serão armados na principal praça da cidade para que a comunidade possa acompanhar a final do The Voice. Na última etapa, dias atrás, uma multidão se reuniu ali e a expectativa agora é dobrar esse público.
Léo diz que família é tudo. Tanto que, questionado pela Globo sobre quem gostaria de levar como acompanhantes para a final no Rio, não teve dúvidas: a primeira da lista foi sua mãe, Martha Paim Melo, seguidas de sua mulher, Lidiane, e sua irmã, Magda Veiga. Todas estão lá com ele. Conheceram o Projac – que ele definiu como Hollywood brasileira – e se deslumbraram almoçando nos restaurantes da Globo ao lado de atores e atrizes que só conheciam da telinha. Iluminadores, figurinistas e maquiadores têm procurado Léo para autógrafos ou selfies. O que mais surpreendeu ele foi o padre Fábio de Mello, que fez questão de conhece-lo pessoalmente no Projac.
Léo está exausto, mas feliz. Saiu cedo do hotel na quarta-feira (26) para o Projac da Rede Globo. Gravou, com os concorrentes, participação no Vídeo Show, deu entrevistas, experimentou figurinos e, durante horas, ensaiou com a banda de apoio fornecida pela Globo. Esta quinta-feira o dia é de novas entrevistas para rádio e para a RBS TV. À tarde, descanso no hotel e concentração para a disputa. O cantor promete uma "surpresa" no repertório. Na madrugada, por whats, deixou a GaúchaZH uma mensagem aos fãs:
– Podre de cansado, mas vamos vencer. Se Deus abençoar, vamos em freeeente!