Quem olha para Letícia Colin provavelmente lembra de seus dois últimos papeis, a Leopoldina, em Novo Mundo, e a prostituta Rosa, na atual novela das nove, Segundo Sol. E, embora ter um lugar de destaque em seus dois últimos trabalhos na televisão já seja notório, a atriz paulista ainda carrega consigo 17 anos de carreira, com cerca de 40 papéis na TV, teatro e cinema. Letícia tem 28 anos e começou cedo, aos 10 anos já dava expediente no seriado Sandy & Junior; aos 12, saiu de Santo André (São Paulo) para o Rio de Janeiro, escalada para o elenco de Malhação (2002):
– Chegar ao Rio com essa idade e com sotaque forte ninguém esquece. A adaptação foi muito difícil. Uma mistura de admiração e inveja das outras pessoas que tornou a adolescência um período muito complicado. Eu queria ser aceita e as coisas me afetavam demais. Mas a vida é isso... – explica ela.
Desde então, Letícia tem progredido na carreira, conquistando críticos e público por onde passa. Na última novela das seis, Novo Mundo, Colin brilhou como a imperatriz Leopoldina, personagem que historicamente foi retratada como figura secundária, mas que pelas mãos da atriz ganhou popularidade e até mesmo empatia. A audiência foi tanta que Leopoldina ganhou um final feliz na trama, fato que se deu unicamente devido ao afeto que o público começou a nutrir pela personagem interpretada por Letícia.
– Se me colocam no imaginário como a personificação desta mulher, fico honrada demais. Leopoldina é uma pessoa inspiradora. A trama faz um resgate da nossa história, da qual sabemos pouco. Há muitas maneiras de contar um enredo, e o ator compete com várias mídias hoje em dia. Então, essa personagem tinha que ser fascinante para que a reconhecessem em sua própria biografia – disse Letícia, na época com 27 anos, quando a novela ainda estava no ar.
A performance da artista ganhou atenção dos críticos. Em dezembro de 2017, Mauricio Stycer afirmou em seu blog que Letícia deveria ter ganho o Melhores do Ano do Faustão – a categoria de melhor atriz daquele ano foi motivo de polêmica ao ser dado a Paolla Oliveira, enquanto Juliana Paes esperava levar para casa a estatueta. Stycer, entretanto, discordou das duas alternativas:
– Com todo respeito a Juliana Paes, que admiro, gostaria de dar um pitaco bem pessoal neste assunto. A atriz de novela que mais me impressionou em 2017 foi Letícia Colin, como Leopoldina, a protagonista de Novo Mundo, de Thereza Falcão e Alessandro Marson – disparou Stycer.
O crítico ainda detalhou o trabalho de Colin, dando provas de seu merecimento:
– A atriz criou um tipo luminoso, com inúmeras gradações ao longo de quase seis meses. Com sutileza, foi expressando a transformação da personagem a cada etapa de sua trajetória, entre 1817 e 1822.
De imperatriz à prostituta
Atualmente como a prostituta Rosa, de Segundo Sol, Letícia Colin tem novamente arrancado elogios por sua atuação, com o bronzeado, a sensualidade, a mudança de visual e o sotaque na ponta da língua. No bordel de Laureta (Adriana Esteves), a personagem conquistou o coração de Ícaro (Chay Suede), mas o relacionamento conturbado acabou os afastando. Agora, Rosa começou a se envolver com Valentim (Danilo Mesquita).
— É a primeira vez que tenho uma personagem na Globo com essa pegada mais quente. Acho que a Bahia emana uma coisa que vem da comida, da música, tem um afrodisíaco no ar. Quando li o texto da Rosa, a senti borbulhando. Ela é uma mulher que passa e as pessoas notam. Tem uma relação com o corpo que é muito tranquila, livre, uma afirmação da sensualidade — disse a atriz sobre o papel.
Patrícia Kogut elogiou a performance da moça em seu blog. Kogut reconhece o esforço de Letícia por ter conseguido superar muito bem a barreira do sotaque, visto que Segundo Sol se passa na Bahia. Ainda segundo a crítica, esse é um elemento que muitas vezes soa errado ou falso pelo profissional, o que não foi o caso de Colin.
Outro crítico, Chico Barney colocou a atriz paulista em lugar de destaque na nova trama das nove:
– Faço questão de exaltar o primoroso trabalho que vem sendo apresentado por Letícia Colin, perfeita na pele da prostituta Rosa. Dá vontade de ficar horas e horas observando sua luminosa presença preenchendo a tela com o carisma subversivo da personagem – apontou.
No cinema, a atriz recentemente participou do longa Entre Irmãs, de Breno Silveira, e apareceu na série Cidade Proibida, da TV Globo. Aplaudida por onde passa, Colin parece reunir os principais componentes para se firmar como um dos principais nomes da nova geração de atrizes.