Dois homens conversam sobre possessões, espíritos e exorcismo em uma sala empoeirada nos fundos de uma igreja. No centro de um cômodo com luz precária e forte cheiro de mofo, eles batem um papo cheio de enigmas e se mostram apreensivos.
A atmosfera sombria é suspensa quando uma jovem de boné aparece instruindo a dupla a mudar a entonação em uma das frases. A responsável por desbravar a cena é Paola Salerno Troian, que dirige a série Liberto com Gustavo Fogaça, o Guffo. Mix de suspense e terror, a produção foi gravada durante um mês em Porto Alegre – em locações como o Hospital Parque Belém e a Igreja Anglicana de Teresópolis. A estreia será no primeiro semestre de 2018, no canal por assinatura Prime Box.
É a primeira vez que Paola, 27 anos, está à frente de uma produção, enquanto Guffo, 42, já assinou trabalhos como o longa-metragem A Casa Elétrica (2012). Em comum, além do casamento fora do set e o gosto pela versatilidade – ela também é cozinheira e jornalista, e ele atua ainda como músico e comentarista esportivo –, está o fascínio pelo terror.
— Sou apaixonado (pelo gênero) desde criança, o meu curta de TCC na faculdade de Cinema foi de terror. Sempre sonhei em fazer algo entre anjos e demônios, o bem e o mal. A questão filosófica é: se eu faço o bem para a pessoa, será que não estou gerando o mal para outras 500? Será que anjos são só bons e demônios só maus? — diz Guffo.
— Já eu tenho essa questão da espiritualidade, sou mais bruxa mesmo. Queríamos trazer o sincretismo para a série, principalmente no Brasil, onde temos as mais variadas formas de possessões — conta Paola nos bastidores das gravações.
Na história, Nonato (Luis Franke) é um exorcista renomado que decide se aposentar e, por isso, volta à sua cidade natal, Porto Alegre. Por aqui, cruza com Julio (Emilio Farias), um jovem que pede auxílio para tratar a mãe, Carmem (Áurea Baptista), que está possuída. Os dois se transformam em mestre e discípulo, deparando com segredos, seitas e uma batalha milenar entre anjos e demônios. Para driblar o baixo orçamento, os diretores apostam nos efeitos de pré e pós-produção.
— Para deixar o projeto robusto e entrar no gênero de uma forma ideal, saindo do lado B, são essenciais a foto, a arte, a trilha, o make. Tudo tem que estar incrível para funcionar — explica Paola.
Aliado a isso, está a aposta em um roteiro que não foca só no susto, mas dá espaço para os atores desenvolverem os personagens e aprofundarem o relacionamento em cena. Assim fica mais fácil apresentar um trabalho de qualidade, acredita Emilio Farias:
— Se fica mal feito, perde a credibilidade e o espectador. Acho bacana a seriedade que estamos levando para essas relações (entre os personagens).
Produzido pela Santa Studios, o seriado que chegará à TV no ano que vem é uma versão reduzida de um projeto mais amplo concebido pelos diretores há seis anos. A primeira temporada terá seis episódios de 30 minutos cada, com financiamento via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O arco total da história prevê outras três temporadas. No elenco da série, além de Franke, Farias e Áurea, também estão nomes como Eduardo Mendonça, Cris Pereira, Patsy Cecato, Lucas Sampaio e Catharina Conte.
E 2018 deverá ter mais novidades do casal na TV. Paola e Guffo começam em março as gravações de Sempre POA, série de comédia ambientada na capital gaúcha que também será exibida no Prime Box.