O horário nobre viveu momentos de glória nos últimos meses. É impossível evitar esse trocadilho, afinal, foi ela, Gloria Perez, a responsável pelo maior fenômeno desde Avenida Brasil (2012). Em quase sete meses de no ar, A Força do Querer bateu recordes de audiência, arrebatou o público e colecionou elogios da crítica. Entre uma polêmica e outra, foi quase unanimidade nos lares brasileiros.
Por isso, não é exagero dizer que logo mais, quando for exibido o desfecho da trama, metade da população estará vidrada nas cenas finais da novela. Mas afinal, quais foram os ingredientes desse novelão GLORIOSO?
Gloria apostou, desde o início, em três protagonistas fortes. Bibi (Juliana Paes), Ritinha (Isis Valverde) e Jeiza (Paolla Oliveira) tiveram seus momentos de destaque, sem que uma ofuscasse a outra. Ao longo da história, o destino desse trio acabou se misturando, com cenas marcantes e embates inesquecíveis.
Ritinha virou melhor amiga de Bibi. A Perigosa, por sua vez, teve um caso de ódio à primeira vista com Jeiza, a policial que prendeu seu marido, Rubinho (Emílio Dantas). Pra piorar, Jeiza acabou se envolvendo com Caio (Rodrigo Lombardi), ex de Bibi. Ah, mas antes disso, a policial-lutadora teve um romance com Zeca (Marco Pigossi), ex-marido de Ritinha. Confuso? Quem acompanhou a trama entendeu essa teia de relacionamentos.
Outra grande sacada da autora foi o contraponto dessas três personalidades tão distintas. Bibi era a passional, que desde o primeiro capítulo deixou claro que queria "amar grande". Não à toa, trocou a serenidade do noivado com Caio por um relacionamento cheio de altos e baixos com Rubinho.
Bibi Perigosa entra na lista de grandes personagens da carreira de Juliana. Isso que ela já viveu as icônicas Gabriela, Maya, Jacqueline Joy, só para citar algumas. Eis que surgiu Bibi para abrilhantar ainda mais o currículo atriz, que conquistou seu espaço como uma profissional talentosa e não só como uma das mais belas do Brasil.
Ritinha era o extremo oposto da amiga Perigosa. Desapegada, pensava em si mesma acima de qualquer coisa. Ela mesma repetia à exaustão o mantra "eu gosto é de mim, tá errado?". Se envolveu com Zeca e Ruy (Fiuk) sem abrir mão da própria liberdade, sempre envolvendo os incautos no seu "canto da sereia".
A personagem tinha tudo para ser tachada de dissimulada, quase uma vilã que destruiu a vida de muita gente ao longo da trama. Nas mãos de outra atriz, Ritinha corria o risco de ser odiada, mas Isis deu o tom perfeito a um tipo ambíguo, cheio de nuances. Ingênua ou mentirosa, sincera ou falsa, Ritinha foi de tudo um pouco. E foi também a sereia que nós amamos odiar, ou odiamos amar.
No meio-termo entre a sereia e a Perigosa, estava Jeiza. Equilíbrio era a palavra-chave da policial, que não perdia o foco de seus objetivos por nada. Ou quase nada. O amor por Zeca quase tirou a lutadora do eixo, fazendo-a desistir de uma chance no MMA. Mas a desilusão com o caminhoneiro jogou Jeiza direto para os braços de Caio, um homem que tinha tudo para fazê-la feliz. No entanto, o advogado não nocauteou a moça como fez o "marrento".
Não é exagero dizer que Jeiza foi a grande personagem da carreira de Paolla. Se no passado, ela chegou a ser criticada por conta da mocinha Paloma, de Amor à Vida, agora o jogo virou. Em cenas densas, de muita ação e emoção, Paolla Oliveira mostrou a grande Atriz, com A maiúsculo, que se tornou nos últimos anos. A carga dramática da policial emocionou o público em cenas reais demais para uma obra de ficção.
Três mulheres tão diferentes entraram nos lares de milhões de brasileiros nos últimos meses. Cada uma a seu jeito, conquistaram o público e a torcida de fãs com a força de seus sonhos, sofrimentos e personalidades. E foi a força do querer dos telespectadores que manteve esse sucesso desde o primeiro capítulo, fechando hoje uma trajetória de recordes e grande repercussão. Vai ser difícil superar essa. Que venha Walcyr Carrasco!