O horário nobre nunca teve tanta diversidade. A alternância das histórias de Ivana (Carol Duarte) e Nonato (Silvero Pereira) trouxe à tona dois lados do universo LGBT. Ao retratar a questão de um transgênero e de um travesti, Gloria Perez informou, emocionou e esclareceu assuntos até então pouco discutidos na ficção e na vida real. A novela pautou a imprensa nacional e trouxe à tona vários tabus, quebrando barreiras e marcando a teledramaturgia nacional.
De Ivana a Ivan
Carol Duarte chegou de mansinho, ganhou destaque aos poucos e, quando menos esperávamos, estava com o público em suas mãos. O drama do transgênero Ivana, agora Ivan, ganhou corpo, voz e trejeitos de forma sutil e brilhante, sem chocar ou afrontar ninguém. Bem construído e belissimamente interpretado, o personagem trouxe ao Brasil inteiro o drama de quem nasceu no corpo errado. Com muita informação, didatismo e emoção à flor da pele, o assunto que até outro dia era tabu virou tema de discussões em família, mesas de bar e notícia no mundo inteiro. A grande sacada da autora foi ter trabalhado a questão da transexualidade aos poucos, sem pressa. Assim, o público viveu junto com Ivana cada descoberta, sem choque. Quando a transição teve início, todos já amavam e torciam pela personagem.
Vida dupla
Nonato ou Elis Miranda? Os dois tiveram o mesmo carisma e destaque pelas mãos do talentoso Silvero Pereira. A dobradinha com o preconceituoso Eurico (Humberto Martins), divertida e, ao mesmo tempo, dramática, foi um acerto e tanto para mostrar outra visão sobre o universo LGBT. Enquanto Ivana se debatia com as angústias de ter nascido em corpo feminino, Nonato nunca rejeitou as formas masculinas, apesar de se sentir melhor em trajes de mulher.