Esbanjando simpatia, Lázaro Ramos participou do Conversa com Bial que foi ao ar na terça-feira (13). Na chegada, quis conhecer todo o novo cenário: cumprimentou a banda, circulou pelo palco e sentou na plateia para bater um papo. O público elogiou o desprendimento do ator nas redes sociais.
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O livro Na Minha Pele, assinado pelo artista, foi um dos nortes do diálogo.
– Estou vendendo que esse livro é uma conversa disforme de construção de identidade. Nesses 10 anos, tive ajuda de pesquisadores, demorei para encontrar a voz desse livro. Antes, acho que era uma voz distanciada, como se fosse fazer só uma tese para provar um ponto de vista. Pegava estatísticas e não era a minha voz – explicou Lázaro.
A questão racial também foi um dos assuntos de destaque. Lázaro encara sua história de vida uma exceção:
– Sou um ator privilegiado, meu trabalho é reconhecido e tenho carinho das pessoas. E isso não é uma realidade de todos os atores negros do meu país.
Ao longo da carreira, Lázaro revelou que recusou fazer muitos papéis por causa do uso de armas. Para ele, a dramaturgia costuma mostrar o destino do negro atrelado ao uso de armas.
– Quando comecei a ser ator, era por prazer e vontade de me comunicar com as pessoas, não achava que ia viver disso. Quando vim para o mercado, mesmo precisando pagar o aluguel, meu desejo artístico era fazer personagens diversos onde essa cara preta inaugurasse alguma coisa – contou.
Bial também perguntou se Lázaro e Taís Araújo se consideram "Glória Menezes e Tarcísio Meira do movimento negro". Sobre como administrar esse desafio de ser exemplo, Lázaro comentou:
– Acho que talvez o peso fique na criação dos filhos, para tentar criá-los com nossas vivências. Os sofrimentos que tive não necessariamente meus filhos terão. Tento criá-los dando autoestima, falando dos desafios do mundo, mas tentando dar liberdade para eles viverem as experiências deles. João está com seis anos e Maria com dois.