Quem assiste Caio Castro na pele de Dom Pedro na novela Novo Mundo, exibida na faixa das sete na RBS TV, não desconfia que o paulista virou ator por acaso. Há 10 anos, participou por diversão de um concurso no Caldeirão do Huck que escolhia novas caras para a temporada de Malhação – ele não tinha experiência em interpretação à época. A partir daí, a profissão fisgou o jovem.
Castro conquistou o público com sua estreia no folhetim adolescente e empilhou um papel atrás do outro. Virou galã da TV, foi comparado a Cauã Reymond e, aos poucos, conquistou mais espaço nas tramas da Globo. ZH conversou com o ator, por e-mail, sobre o desafio de interpretar Dom Pedro e também suas incursões no cinema e na literatura.
Quais as particularidades de interpretar Dom Pedro?
Interpretar um personagem que existiu é uma experiência sensacional. Dom Pedro representa uma parte muito importante da história do Brasil, sem dúvida é um personagem de peso. Estudei bastante para interpretá-lo. O fato é que não existe nenhum registro audiovisual, então fui atrás de registros históricos que me ajudaram bastante nessa construção. Tive como referência alguns livros, como 1822, de Laurentino Gomes, que fala sobre os monarcas, e também A Carne e o Sangue, de Mary Del Priore, que relata o triângulo amoroso de Dom Pedro, Leopoldina e Domitila. A questão do sotaque também foi algo que fiz questão de trabalhar, consegui liberação da Globo pra passar 10 dias em Portugal para observar de perto os costumes e modos portugueses.
O rótulo de galã atrapalha ou ajuda na carreira de ator?
O rótulo, na verdade, vai de acordo com o personagem do momento, é até curioso tocar nessa questão de galã... Não interpreto um galã há um tempo, até então meus trabalhos tinham sido mais por essa linha, de interpretar um galã de fato, então o personagem pode ser falado e rotulado dessa forma. Mas eu não me vejo dessa forma.
Você esteve recentemente nos cinemas com Travessia e também está no elenco de Se a Vida Começasse Agora. Tem vontade de atuar mais em filmes?
Com certeza. Atuar no cinema é diferente. Os dois formatos (TV e cinema) têm caminhos distintos. O cinema, por exemplo, por ser uma obra fechada, eu entro no set de filmagem sabendo o rumo do personagem, do início ao fim. E isso dá liberdade pra construir o personagem. Dar vida ao Julio foi uma experiência única, um personagem denso e complexo.
As oportunidades fora da TV, com papéis mais complexos, abrem oportunidade para desconstruir a imagem de galã?
Não só fora ou dentro da TV, a questão também não é desconstruir a imagem do ator-galã. O ofício do ator é interpretar diversos tipos de personagens, realizar diversas maneiras de interpretação. A escolha desses personagens é que vai definir qual "rótulo" será usado. Não existe uma desconstrução mas sim uma construção de imagem em cima da ideia que é dada pelos autores.
E a experiência como escritor? Pretende escrever mais, se aventurar pela ficção?
Foi muito interessante. Fiz uma viagem muito rica em conhecimento e essencial para a minha vida (Castro lançou o livro É por Aqui que Vai Pra Lá). O resultado foi tão bom, que decidi reunir tudo em um livro para compartilhar essa experiência. Tenho ideia de fazer algo voltado para a ficção, mas não seria um livro, penso em um curta ou um longa-metragem. Também tenho o projeto de lançar mais um livro contando a experiência de uma viagem que fiz. O projeto da expedição se chama Cali X BRA. Me juntei com dois amigos, projetamos um carro que nos desse a possibilidade de cruzar longas distâncias e partimos de San Francisco, na Califórnia, para São Paulo. Dirigimos 20 mil quilômetros por 70 dias. Ainda não tem previsão de lançamento, mas é uma ideia.
Você tem alguma relação com o Rio Grande do Sul?
Gosto muito de Porto Alegre. Estive em POA no ano passado, para o lançamento do livro (a sessão de autógrafos lotou a Saraiva do Iguatemi), e fui muito bem recebido. Tenho amigos que moram em Porto Alegre, então, sempre que posso, aproveito para passar por aí.