Saiu de cena a estética barroca e as paisagens do sertão nordestino de Velho Chico, entraram as belas imagens de uma cidade fictícia, São Dimas, o cenário de A lei do Amor, que estreou nesta segunda-feira. Foi uma quebra estética e tanto. Mas foi além. A nova novela das nove, escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, também mudou radicalmente a proposta dramatúrgica. É novelão mesmo, carregado no drama e não esconde isso de ninguém.
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No primeiro capítulo, os autores fizeram o tradicional, apresentando a trama principal e os protagonistas. A mocinha pobre Helô (Isabelle Drummond que depois dará lugar a Claudia Abreu) sofre com pai alcoólatra e mãe doente. O mocinho Pedro (Chay Suede, posteriormente substituído por Reynaldo Gianecchini) destoa da família burguesa e autoritária, chefiada por Fausto (Tarcísio Meira), seu pai, e Magnólia (Vera Holtz), sua madrasta.
Enquanto o amor entre os dois jovens floresce, o ódio de Helô por Fausto só cresce, pois ele foi o responsável pela demissão do pai dela, ato que resultou numa sucessão de eventos que levaram a prisão e morte de Jorge (Daniel Ribeiro), na cadeia. De cara o público já pôde perceber que Mág é lobo em pele de cordeiro e que Fausto comanda negócios nem tão licítos à frente da Tecelagem Costa Leitão. O conflito já está dado e o desfecho conhecido: o romance entre Helô e Pedro não vai vingar, principalmente pela atuação de Mág.
Estão aí todos os elementos do folhetim clássico: um amor entre jovens de classes sociais diferentes carregado no drama. A mocinha deverá sofrer muito ainda, principalmente nesta primeira fase, ambientada na década de 1990 e que deve durar cinco capítulos. O diferencial mesmo só veremos depois, quando Maria Adelaide e Villari descortinarem temas como política e corrupção – o que só deve ocorrer após o término do segundo turno eleitoral. Ainda assim, já foi possível perceber o caráter político em algum momentos.
Um destaque ficou por conta da abertura embalada pela música Trenzinho do Caipira, na voz de Ney Matogrosso. Mas o ponto alto desta estreia foi mesmo a atuação de Vera Holtz, que já iniciou em alto rendimento e só deve melhorar daqui para frente.
Não espere muito de A lei do amor, assim será mais fácil ser fisgado pela trama. A única certeza que temos por enquanto é que ela não se propõe a nada ambicioso, apenas apresentar uma boa dose diária de drama.