Há que se fazer justiça com Justiça. A minissérie de Manuela Dias tem tudo para ser a grande produção do ano na TV brasileira. Além de ser ousada no roteiro, que apresenta quatro histórias que se entrelaçam, e de levantar o debate sobre questões éticas importantes, a produção conta com a espetacular interpretação de Adriana Esteves. Como a doméstica Fátima, a atriz volta a encantar o público tal qual Carminha, de Avenida Brasil. Como não se emocionar quando a personagem, que passou sete anos presa injustamente, reencontrou o filho, agora morador de rua?
Adriana é o grande destaque em um elenco com grandes atuações – como Jesuíta Barbosa, Debora Bloch, Enrique Diaz, Leandra Leal, Cauã Reymond, Jéssica Ellen e Luisa Arraes – e em uma produção que apresenta forma e conteúdo pouco vistos na TV brasileira, em especial nos canais abertos. Essa amarração entre as histórias, o realismo de fotografia e caracterização, tudo está sendo muito bem conduzido pelo diretor José Luiz Villamarim.
Acima de tudo, Justiça está levando o público a pensar com uma trama densa. Em entrevista ao UOL, Manuela disse esse é o objetivo de seu trabalho. "Acredito que é sim fundamental, para evoluirmos como sociedade, ampliar discussões éticas sem os extremismos que imperam hoje, sobretudo nas redes sociais", afirmou ela. Eutanásia, porte de armas, ciberbullying, sistema prisional, redução da maioridade pena, prostituição e poder da polícia... Todos esses temas estão sendo levantados e mostram que entretenimento não precisa ser apenas para divertir.
Oculto e desconhecido em série
Depois da série sobre dança, Octo estreia neste sábado, logo após a exibição da premiação do Festival de Gramado, a minissérie documental Ignotos. A produção surge do próprio significado do título – desconhecido, oculto, incógnito – para esboçar uma realidade diferente da cidade e do Estado. Chá de Santo Daime, fetichismo sexual, suspensão corporal, lado B dos gamers, satanismo e feminilidade na prisão serão alguns dos temas abordados. Produzido pelo canal Octo, Ignotos tem direção de Lígia de Castro, fotografia de Monique Machado e pós-produção de GR Machado. A exibição será quinzenal, sempre na Virada Mix com Nanni Rios.
MELHOR DA SEMANA
Depois da Olimpíada, Velho Chico voltou a ganhar agilidade na trama e emoção. As cenas do embate entre Afrânio (Antônio Fagundes) e Bento (Irandhir Santos) e as que envolveram Luzia (Lucy Alves) foram destaque em meio a sequências magistrais.
PIOR DA SEMANA
Escalar Luís Melo para viver o japonês Kazuo Tanaka em Sol nascente foi um erro que poderia ter sido evitado. Erro maior foi colocar um ator japonês para viver o personagem jovem, deixando claro o equívoco. As emissoras precisam avançar muito para garantir representatividade.