
Depois de uma série de adiamentos, a Usina do Gasômetro finalmente terá reabertas suas portas, que haviam sido fechadas no final de 2017. O espaço às margens do Guaíba que é cartão-postal de Porto Alegre receberá, a partir desta quinta-feira (27), o segmento Faísca da 14ª edição da Bienal do Mercosul.
Até 1º de junho, obras de 10 artistas ocuparão a nave — ou seja, o espaço principal — do prédio e o mezanino. O movimento marca o retorno da Usina ao mapa cultural da cidade.
Segundo a secretária da Cultura de Porto Alegre, Liliana Cardoso, a sala de cinema P.F. Gastal, o Teatro Elis Regina e galerias de arte serão mantidos. O teatro, explica ela, passou por uma qualificação e poderá receber o público com conforto.

Gestão da Usina do Gasômetro será via PPP
Porém, Liliana informa que as salas que os grupos de artes cênicas ocupavam no projeto Usina das Artes não serão mais disponibilizadas, visto que os artistas foram realocados em novos espaços.
Ainda de acordo com a secretária, salas administrativas da cultura da Capital — como a Coordenação de Cinema e Audiovisual, hoje na Cinemateca Capitólio — tampouco voltarão ao local.
— A Usina terá uma gestão de PPP (parceria público-privada). É um espaço gigantesco e não pode ficar nos moldes de antes do fechamento. Era um prédio deteriorado, quase destruído. Foi feita uma reforma de R$ 25,9 milhões, entre a parte elétrica e a estruturação, totalmente paga com dinheiro público. Temos que ter todo o cuidado para que essa reforma não se perca em seis meses — diz a secretária.
A chefe da pasta afirma que as apresentações de grupos teatrais, as ocupações de galerias de arte e fotografia e os trabalhos audiovisuais da Sala P.F. Gastal serão selecionados apenas por meio de editais. Esses processos só deverão tomar forma após reunião entre a Secretaria Municipal da Cultura (SMC) e a Secretaria Municipal de Parcerias, na próxima semana, sobre o caminho que a PPP tomará.

Estudo sobre a concessão
A sociedade de economia mista São Paulo Parcerias foi contratada pela prefeitura da Capital para fazer o estudo sobre a concessão da Usina. A prestadora tem até julho para concluir as avaliações.
Além disso, uma empresa segue atuando na automação do ar-condicionado nos três andares superiores, como informou o colunista Jocimar Farina. Essa intervenção deve ser finalizada em maio.
A secretária afirma que ainda não há uma data para que os espaços internos da Usina sejam novamente ocupados:
— O Sated/RS (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Rio Grande do Sul) já pediu audiência comigo e vai ser importante para a formatação desses editais.
Demanda por espaços
O presidente do Sated/RS, Luciano Fernandes, lamenta a perda dos espaços que abrigavam grupos de artes cênicas no projeto Usina das Artes. Com o fechamento do Gasômetro, em 2017, os coletivos foram transferidos para a Casa Terezinha, no bairro Farroupilha:
— Houve uma época em que a Usina acolhia os grupos com espaços que não temos mais. Mas, no momento, não temos expectativa alguma. Não nos consultam — diz Fernandes.
A diretora para Assuntos de Circo do Sated/RS, Consuelo Vallandro, reconhece o esforço da prefeitura em realocar os artistas, mas argumenta que a estrutura do novo local não foi pensada para este fim. A Casa Terezinha, destaca ela, era uma escola e, por isso, tem salas pequenas, insuficientes para ensaios e para o armazenamento de materiais:
— Para ensaiar hoje, os artistas precisam pagar o aluguel de uma sala e, muitas vezes, são obrigados a pagar também por depósitos para guardar o material. Como ficar levando material de um lugar para outro toda vez que for ensaiar? Há demanda por espaços grandes.