Atriz, poeta e rapper, Andréa Bak, 23 anos, faz sua estreia nas novelas em No Rancho Fundo. Na trama, ela dá vida a Esperança, a filha do meio de Primo Cícero (Haroldo Guimarães) que é muito bem-humorada e se faz de santa apenas para agradá-lo. Ela também pode ser vista na série musical Vicky e a Musa, disponível no catálogo do Globoplay.
Com formação em Química e cursando bacharelado em Artes Cênicas na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), Andréa integrou o grupo de rap Nefetaris Vandal e faz parte do coletivo de poetas Slam das Minas RJ, desde 2017 – um movimento artístico de mulheres LGBTs.
Com o curta Ficção Suburbana e a peça Marielle Presente (que ganhou o prêmio Musical Rio por melhor musical original) no currículo, a artista também contribuiu como autora nos livros Favela em Mim e Tabuleiro de Ficções.
A carioca também trabalha como ativista social. Desde 2016, a moradora do Antigo Quilombo da Praça Onze, no Rio, atua em defesa dos direitos humanos e do preconceito racial. Ela também propaga a literatura produzida por mulheres negras e apresenta oficinas de poesias faladas para colégios públicos.
Atuante em tantas frentes, Andréa Bak se considera "pluriversal" e não consegue escolher apenas um papel no qual se encaixe melhor. No bate-papo, ela fala sobre suas diversas versões, a inspiração para viver Esperança e a emoção de atuar ao lado de ídolos.
Ativista social, rapper, poeta, atriz, química... Em qual desses papéis você se sente mais confortável?
Eu acredito ser uma pessoa pluriversal! Tive uma educação em que nunca me fizeram escolher para seguir apenas um lado do meu coração, sempre fui incentivada a explorar o máximo do meu potencial. Sempre soube que podia ser muitas. Então, me sintobem em todas as profissões. E cada uma tem uma função na minha vida.
Como surgiu a oportunidade de estar no elenco de No Rancho Fundo?
Recebi o convite do teste da Patrícia Rache, o processo foi acontecendo e tudo aconteceu de bom.
Existe um pouco de sua personagem em você?
Tem uma coisa bem em comum entre mim e Esperança: não se contentar com pouco. Tanto é que tenho algumas outras profissões porque sempre gostei de expandir meu mundo com o máximo de possibilidades. E a Esperança me lembra que esse é meu caminho também, com estradas pluriversais!
Esperança se faz de santa para enganar o pai, mas é bem assanhadinha, né? Você se inspirou em alguém que conhece para compor a personagem?
Ela é uma menina estratégica, sabe? Que usa da sedução pra conseguir o que quer. E sobre construção do personagem, se tem uma coisa que aprendi nos últimos tempos, é desde os estudos pro teste propor uma boa caracterização pro personagem, mesmo que simples. Então busco além de objetos, pessoas que se assemelham àquela história. E eu fui na minha mãe, Dulcineia Maria! Ela vem do interior do Sertão e pode me passar, além do sotaque, as gírias, a simplicidade das roupas da época que usava, da inocência e pureza que tinha antes de acessar a cidade grande. Também me grudei no meu amigo Bruno Mendes da faculdade, que é de Recife, para naturalizar o sotaque, foi um ótimo professor.
Quem você conheceu na novela que foi como realizar um sonho?
A partir do primeiro dia a magia da realização do sonho começou: no primeiro dia de gravação já foi ao ladodos grandes nomes da teledramaturgia brasileira. Era uma cena da família da Esperança com a de seus primos Leonel Limoeiro, e ali tinha eu contracenando com Alexandre Nero, Andrea Beltrão, Haroldo Guimarães. Atores que eu cresci vendo na TV. A partir daquele dia vi que meu caminho seria mais iluminado do que pensava. Depois de meses de trabalho, numa cena de três dias de externa gravando o casamento de Blandina (Luisa Arraes), quem estava marcada na minha frente era Andrea Beltrão. A minha personagem é prima de terceiro grau dela, então em alguns momentos elas se cruzam na trama. Nesse dia de gravação olhei pra ela e sorri bem sereno cumprimentando minha xará, e a retribuição dela foi dizer que "gostava muito de trabalhar comigo". Me senti honrada e muito mais orgulhosa da minha postura em cena.