A internet tem sido a melhor amiga de Rafael Saraiva, 23 anos, desde o início da pandemia. Em 2020, participou do filme Romeu e Julieta, gravado virtualmente com alguns amigos. Na mesma época, começou a fazer vídeos para o Instagram, e em pouco tempo passou de 400 para 85 mil seguidores. Não demorou para que o ator fosse chamado para integrar a equipe do canal Porta dos Fundos. Os esquetes ao lado de humoristas conhecidos como Gregório Duvivier, Antonio Tabet e Fabio Porchat renderam o convite para atuar na novela das seis, No Rancho Fundo. Na trama, ele vive o poeta Guilherme Tell, com um tom cômico mas também certo lado dramático:
– Ele mostra as falhas que nós todos temos. Ele escancara. Uma dificuldade de comunicação... ele é confuso, tímido, ansioso. E tudo isso trabalhado com muito humor e muita paixão – conta Rafael, que bateu um papo com Retratos da Fama. Confira!
Como surgiu a oportunidade de atuar em No Rancho Fundo?
Eu já tinha feito testes para outras telenovelas da Globo, mas ainda não tinha sido possível conciliar justamente porque eu entrei no Porta dos Fundos e a minha vida estava em outro momento quando esses testes foram realizados. Mas No Rancho Fundo, a partir da Patrícia Rache, com quem eu já tinha feito outros testes, chegou num novo momento, e aí a gente conseguiu fazer um acordo junto ao Porta dos Fundos para possibilitar a minha participação. E está sendo um barato porque é um personagem com muito humor, e bem um terreno que eu adoro estar explorando.
Seus trabalhos no Porta dos Fundos e na novela têm em comum o viés cômico. Na prática, qual foi a maior diferença que você sentiu entre esses dois trabalhos?
A maior diferença é que no Porta dos Fundos, geralmente, a gente faz uma comédia com as situações em que os personagens estão inseridos, então, não existe uma construção do personagem, existe uma construção da situação que é engraçada, enquanto o humor do personagem Guilherme Tell, na novela, está na maneira em que ele se comporta, em que ele encara a vida. É um humor mais de duração, humor de construção mesmo do personagem.
O que você tem em comum com Guilherme Tell?
Eu acho que o que eu tenho a ver com o Guilherme Tell é que ele é uma pessoa muito disposta a acreditar na poesia da vida, na poesia do amor, na poesia dos encontros. Ele tem esse olhar um pouco mais lúdico para as experiências que ele passa, e eu tento preservar isso em mim porque é uma forma de ver o mundo com cores mais bonitas.
Os trabalhos que você executou virtualmente durante a pandemia acabaram impulsionando sua carreira. Considera que esse período foi, apesar de trágico, produtivo para sua vida?
Não, eu acho que nada relacionado à pandemia eu posso ter uma perspectiva elogiosa. Sinceramente. Eu acho que a pandemia foi muito nociva em todos os aspectos para o mundo. Agora, eu acho que no momento de tanto recolhimento, o que eu posso dizer é que eu fiquei com muita sede de fazer, assim que saísse da pandemia. Então, nesse sentido, houve essa renovação da energia sim, mas sem romantizar, e sim sofrendo muito e com muitas angústias, e com muito medo de não conseguir ter uma carreira. Mas, sem dúvida, a pandemia me influenciou no que eu vivo hoje, porque foi a partir dela que eu comecei a correr atrás desesperadamente.
Futuramente, você pensa em seguir na comédia ou tem planos de se dedicar a outros gêneros?
Eu tenho interesse em contar histórias que sejam interessantes, independente do gênero. É claro que a comédia é a plataforma com que eu mais me identifico para me comunicar com as pessoas, mas eu acredito que um bom personagem e uma história envolvente são os principais requisitos para um ator se engajar num bom trabalho. Então, eu sou bem aberto, sim, às possíveis experiências.