Por Maximiliano Ledur
Presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro
Neste momento em que os estandes da Feira do Livro de Porto Alegre estão sendo erguidos, celebramos não apenas a força da literatura e seu caráter transformador para a cultura, a economia e a cidadania. Comemoramos, também, a união de esforços que tornou possível realizar esse evento tradicional para a nossa cidade.
Se, antes, fazer a Feira já era desafiador, este ano se tornou uma tarefa hercúlea. Em meio à organização da programação, dos autores que pensamos para o evento e da escolha do patrono, veio a notícia de que não fomos contemplados com a Lei de Incentivo à Cultura (LIC), fato sem precedentes que chocou não apenas a classe livreira, mas toda a população.
Como realizar um evento tão importante e caro aos gaúchos sem recursos? Como erguer a Feira, pagar fornecedores e trabalhadores, trazer escritores renomados para a Praça da Alfândega sem a verba do Estado? Questões inéditas que vimos à frente, pela primeira vez. Sem o aporte da LIC, faltariam R$ 870 mil para levar o tradicional evento ao centro da Capital, lugar onde estamos sempre presentes desde 1955.
Nem mesmo a pandemia impediu a realização da Feira, um evento de impacto estadual e nacional, tendo inspirado inúmeras atividades literárias em todo o país. Apesar de toda sua relevância, o Conselho Estadual de Cultura negou apoio, considerando – erradamente – que o que ocorre na Alfândega fica restrito a Porto Alegre.
Se de um lado não tivemos apoio, do outro o Rio Grande do Sul e o Brasil abraçaram a Feira, com recursos extras vindos das diversas esferas do poder público e da iniciativa privada, inclusive de pessoas físicas. Cobriu-nos de emoção a corrente de solidariedade que se formou, mostrando que não estávamos e nunca estaremos abandonados.
Com a união de esforços dos entes públicos e incontáveis apoios privados, a Feira do Livro de Porto Alegre chegará à sua 69ª edição neste dia 27 de outubro, cobrindo a Alfândega com literatura, palestras, variadas atividades culturais e muitas outras experiências. Até o dia 15 de novembro, a praça pulsará com a força das palavras em todas as suas formas.
A leitura é um habitat natural para a imaginação, para a educação e para o desenvolvimento intelectual e criativo, beneficiando principalmente os mais jovens. É força cultural e também econômica, mobilizando não apenas o comércio livreiro nos estandes, mas movimentando diversas cadeias, como alimentação, hotelaria e turismo.
Como ocorre há quase sete décadas, a Feira fará da literatura a grande estrela da nossa cidade e do Estado. Com Tabajara Ruas como patrono, receberemos os gaúchos com muita alegria e centenas de atividades para todas as idades. Nosso agradecimento à imprensa, aos governos municipal e estadual, à Câmara de Vereadores e à sociedade pelo apoio para que isso fosse possível.
A leitura venceu a burocracia. A Feira do Livro seguirá seu curso, sem diminuir de tamanho, com a grandeza que merece e por tudo que oferece aos gaúchos. Esperamos todos na Praça.
A 69ª Feira do Livro de Porto Alegre
Com abertura na sexta-feira (27/10), a edição 2023 do tradicional evento se estenderá até 15/11, na Praça da Alfândega, centro de Porto Alegre. Toda a programação pode ser conferida em feiradolivro-poa.com.br. A cobertura completa de GZH pode ser acessada aqui.