Durante a pandemia de covid-19, Deborah Finocchiaro, ao lado de uma equipe de profissionais, criou os projetos Confessionário — Relatos de Casa, que é uma websérie, e Invisíveis — Histórias para Acordar, um videocast. As produções, apesar de serem de formatos diferentes, convergem para o mesmo tema: denunciar as violências sofridas pelas mulheres. Agora, a artista reúne ambas as iniciativas e entrega uma expansão, com Relatos de Acordar, que será lançado neste sábado (22).
Além dos depoimentos reais de mulheres vítimas de abuso interpretados por atrizes, o projeto abraça temas como as dificuldades enfrentadas pela comunidade surda e pelos idosos, o trabalho análogo à escravidão, a gordofobia e o racismo — e, além da apresentação virtual, também chegará ao ambiente físico, ocupando a Cinemateca Capitólio. Este movimento vem da necessidade de puxar a sociedade para discutir estes temas.
— A base destes dois projetos é falar do que não pode mais ser calado, é trazer à tona estas questões e, principalmente, estimular a denúncia. Eu percebo que quando a gente tem um segredo, aquilo é um monstro dentro da gente. E quando falamos sobre aquilo, parece que o monstro vai virando uma coisa menorzinha, vai diminuindo. E a gente consegue ter uma outra visão sobre aquele determinado problema, sobre aquele segredo que geralmente carrega culpa, medo — explica Deborah.
Desta forma, serão três episódios inéditos da websérie — exibidos em sequência na Cinemateca Capitólio, em 30 de maio, a partir das 19h, com entrada franca, e lançados semanalmente no YouTube a partir de 6 de junho — e quatro videocasts, a partir de 9 de maio, com histórias de denúncia e conscientização, buscando ir além das artes cênicas e fazer a diferença também no Judiciário, na segurança pública e nas instituições sociais.
Na websérie Confessionário — Relatos de Acordar, cada capítulo apresentará depoimentos reais de diferentes grupos de mulheres vítimas de violência, interpretados por uma atriz, além de cenas gravadas das entrevistas e um profissional da área da saúde ou das ciências humanas. Participam as atrizes Brenda Artigas, Patsy Cecato e Sandra Dani, que dividem os episódios com a advogada Mirella Cavalcanti, a delegada Ana Luiza Caruso e a auditora fiscal Lucilene Pacini, que oferecerão informações e orientações de como realizar uma denúncia e como buscar ajuda e apoio às vítimas.
Cronograma
A estreia do projeto que une e expande as iniciativas de Deborah ocorre neste sábado (22), a partir das 18h, com a live Diálogos para Acordar, no Instagram. O programa traz a criadora da iniciativa, seu parceiro de projetos Luiz Alberto Cassol e a convidada especial Marcia Tiburi, filósofa e autora de Complexo de Vira-Lata, livro que inspirou a atriz a expandir o seu universo, abordando a questão de humilhar e sentir humilhado.
Dentro deste cenário, no dia 25, a equipe de trabalho do Relatos de Acordar, que realizou entrevistas presenciais nas ruas de Porto Alegre, vai divulgar, nas redes sociais, as respostas coletadas para as perguntas "quando você se sentiu invisível?" e "quando você se sentiu humilhado?". Tais questionamentos também serão feitos nas páginas da atriz e do projeto. Assim, por meio destes depoimentos, o projeto pretende jogar luz sob estas questões e mostrar o impacto profundo na vida de cada um e por qual motivo estes temas precisam ser abordados.
Já no dia 1º de maio, às 20h, ocorrerá uma nova live nas redes sociais e no YouTube, desta vez levando o nome do projeto, com a participação da equipe envolvida e de Maria do Rosário — Relatos de Acordar foi realizado com emenda parlamentar do gabinete da deputada federal, por meio da Organização Caminhos da Cultura. No dia seguinte, serão divulgados sete videocasts produzidos em 2021 de Invisíveis - Histórias para Acordar, no YouTube e no Spotify.
— O desejo da gente é conseguir pegar esses projetos e espalhar, fazer viralizar. Poder levar para dentro das escolas, das universidades, para as comunidades, para que todos possam falar mais sobre essas questões de uma maneira mais aberta. E isso com toda a humildade, do tamanho que eu posso. Esse é o propósito da minha vida, ajudar a formar uma sociedade mais justa, mais digna, mais humana e fraterna. E fraternidade é diferente de fazer caridade. Caridade sempre é uma coisa pontual e acho que fraternidade se entende para todos os setores da tua vida — define Deborah.