Na tarde desta quarta-feira (18), data em que também se comemora o Dia Internacional dos Museus, o Museu Julio de Castilhos (MJC), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac), recebeu uma vasta doação de objetos para seu acervo. Trata-se de uma coleção composta por 120 peças que pertenceram a Borges de Medeiros.
Os itens, segundo a museóloga e diretora do MJC, Doris Couto, são bem particulares e eram de uso efetivo do político que, em 1898, tornou-se presidente do Rio Grande do Sul, deixando o poder em 1908 — ele voltou cinco anos depois, em 1913, e ficou no cargo até 1928. As doações somam-se às poucas peças que estavam no catálogo da instituição, como um relógio de bolso de Borges de Medeiros.
A iniciativa de doar as peças partiu da própria família de Borges de Medeiros. O movimento ocorreu em função de os parentes do político acreditarem que o museu era o local mais apropriado para receber e conservar os itens. Borges e sua esposa, Carlinda Godoy, não tiveram filhos biológicos. Porém, adotaram a sobrinha, Dejanira Saldanha Medeiros, que teve uma menina chamada Luiza. Ela, por sua vez, gerou Dejanira Luderitz Saldanha, a quem as peças pertenciam — foi o filho dela, Pedro Saldanha, quem procurou o museu.
Dentro da doação, é possível encontrar cortador de charutos, mata-borrão, matriz de carimbo de cera, abridores de cartas, pratos, travessas e taças personalizadas com as iniciais do político, castiçais, 36 chaves de portas, freio, estribo, dentre outras peças e mobílias da fazenda de Borges de Medeiros, localizada entre Cachoeira do Sul e Caçapava do Sul.
— Essa doação se reveste de grande importância para a gente poder saber mais dos hábitos familiares desta figura histórica. É um pequeno mosaico dessa vida privada que nos permite nos aproximar um pouco mais e conhecer o homem além da política — conta Doris.
Além disso, a diretora do MJC enfatiza que esta doação ajuda a reconstruir os costumes de um período do qual o museu tem um acervo muito pequeno. Agora, com estas 120 peças, será possível contar uma narrativa de como eram os hábitos à mesa da sociedade gaúcha da época. A museóloga ainda adiantou que está em tratativas para levar à instituição um conjunto de jantar que pertencia a Julio de Castilhos.
As peças, agora, serão catalogadas, higienizadas e submetidas à Comissão Especial de Gestão de Acervo, a quem compete analisar a incorporação das mesmas às coleções da instituição, convertendo a doação provisória em doação definitiva. Os itens, porém, não devem ser disponibilizados para visitação em 2022, uma vez que o MJC passará por um processo de restauro. No entanto, Doris espera que, quando o museu retornar às suas plenas atividades, depois das obras, os itens já estejam em exibição ao público.