A distopia tornou-se um caminho usual para artistas expressarem sua insatisfação com os caminhos incertos do presente - a literatura acompanhou o lançamento de várias obras do gênero e o cinema não ficou para trás. Um bom exemplo é Cora, longa de Gustavo Rosa de Moura e Matias Mariani, que terá exibição gratuita nesta terça, 21, no cine Petra Belas Artes, mais um evento da parceria do Estadão com o cinema e a Pandora Filmes - ingressos começam a ser distribuídos a partir das 19h, com a sessão começando uma hora depois. Em seguida, haverá um debate entre os cineastas e o crítico Luiz Carlos Merten.
A trama de Cora se passa em 2064, quando uma dinamarquesa, cujo nome inspira o título do filme, encontra um documentário inacabado no qual Benjamim, seu pai brasileiro, mostra sua investigação, 50 anos antes, da história dos pais dele.
Trata-se do casal Teo, que morreu louco quando ele ainda era criança, e Elenir, uma mulher misteriosa de quem ele mal ouviu falar. Ao longo de sua investigação, Benjamim descobre que ambos fazem parte de um complexo quebra-cabeça familiar, cheio de traumas e tabus, no qual ele começa a se ver como uma das peças principais.
O filme se inspira no livro Antônio, de Beatriz Bracher, mãe de Mariani, um desafio pois sua estrutura narrativa parece própria apenas para a literatura. A solução, sugerida por Rosa de Moura, veio com a inclusão do documentário na trama, o que permitiu que a narrativa cinematográfica fosse também experimental, como a literária. Assim, ao ver um filme realizado meio século antes, Cora (e os espectadores) acompanham uma caçada arqueológica por um passado misterioso, na qual formas antigas do cinema são apresentadas, como o Super-8.
Curiosamente, foi a avançada tecnologia atual que ofereceu recursos para que muitas imagens aparecessem de forma desgastada e envelhecida, com o aspecto de arquivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.