"Sou eu, a Pifaizer", "Tá passada?" e "Beijinhos científicos" são algumas das expressões que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias graças ao humorista Esse Menino. Na última quinta-feira (9), o perfil compartilhou um vídeo que encena a gigante farmacêutica contatando o presidente Jair Bolsonaro a respeito da venda de vacinas contra a covid-19. Até o momento, foram mais de 14 milhões de visualizações.
A persona Esse Menino é Rafael Chalub, de 25 anos, que mora atualmente em Belo Horizonte (MG). Em entrevista à revista Quem, ele contou que a produção do viral não foi demorada, até por conta da questão política já estar permeada em seus vídeos anteriores.
— Foi ligeirinho fazer. Já estava com a ideia de mostrar o outro lado dessa situação dos e-mails e considerar o lado da Pfizer, quem estava mandando esses e-mails e o desespero que essa pessoa sentiu de não ter nenhuma resposta. Quando sentei para escrever, fiz em 15 minutinhos. A ideia quase veio pronta — revelou Chalub.
O vídeo faz referência especificamente a e-mails enviados pela Pfizer ao governo brasileiro. No início do mês, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, afirmou que 53 mensagens da farmacêutica não foram respondidas. Em maio, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, citou, em depoimento à CPI, tentativas de contato e disse que a empresa não obteve resposta.
Após o sucesso do vídeo nas redes sociais, famosos como Fernanda Souza, Preta Gil, Bruno Gagliasso e Fábio Porchat comentaram na produção saudando a originalidade de Chalub.
— Fui construindo, tentando achar meu público a partir disso. Parece que agora achei uma galera. Famosos de vários segmentos da música, do teatro, da TV e da internet vieram me elogiar. Fiquei feliz porque foi uma validação ver comentários de comediantes de quem sempre fui fã, como Fábio Porchat, Samantha Schmütz e Luis Lobianco. Me reconheceram como um deles — comentou ele.
História
Natural de Teófilo Otoni, no interior de Minas Gerais, Chalub chegou a cursar a faculdade de cinema, mas abandonou os estudos no quarto período. Desde então, investiu energia escrevendo peças e, depois, em vídeos para a internet. O interesse pela comédia, no entanto, surgiu antes.
— Entendi que comédia dava para ser estudada ainda muito novo, com 13 ou 14 anos. Virou minha obsessão, igual algumas crianças gostam de dinossauro ou carrinho. Na verdade, o mundo artístico em geral, mas comédia era uma veia muito forte. Comecei a consumir muito material. Aos 18, decidi que queria ser humorista — falou ele também à revista Quem, entre risos.
O canal Esse Menino, que aborda questões políticas e de gênero, ganhou este nome em uma referência à avó de Chalub, que esquecia os nomes dos netos e os chamava de "ei, você". O tom divertido para essa situação também foi adotado por ele em outros trabalhos antes de se dedicar inteiramente ao YouTube:
— Sabe aqueles bichos de espuma, de ativação de marca? Já fui chip de operadora de celular, com fantasia gigante, horrorosa. Passei noite em festa com um povo bêbado mexendo comigo e eu lá tirando foto. Trabalhei em loja de shopping também. O gerente, que era meu amigo, falou uma vez: "Gata, você é muito engraçada, mas não sabe arrumar um estoque. Investe na comédia mesmo" — lembrou ele, em entrevista ao jornal O Globo.
Agora, o trabalho na comédia parece ter emplacado. Além das milhões de visualizações, o humorista revela ter recebido 340 e-mails somente no primeiro dia da publicação, entre pedidos da imprensa e propostas de trabalho.
— Estou tentando mirar certo para que minha carreira seja sustentável, duradoura, só cresça e gere bons frutos. Vai dar certo (...) Meu plano é dominar o mundo. Quero fazer internet, cinema, streaming e principalmente palco com teatro stand-up. Quero só acrescentar para a cena que já existe — concluiu Chalub, à Quem.
Confira a vídeo que viralizou: