Após 10 meses de portas fechadas, a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) reabriu nesta quarta-feira (20). Neste primeiro momento, a visitação irá ocorrer somente com agendamento prévio e restrita a pequenos grupos.
As visitas serão realizadas de segunda a sexta, das 10h às 18h, e podem ser agendadas pelo e-mail visitaccmq@gmail.com. Ao se cadastrar para a visita, o público poderá optar pela visitação guiada, disponível em português, inglês e espanhol. As salas também contam, a partir de agora, com serviço de audiodescrição via QR Code.
Entre os protocolos de segurança adotados pela CCMQ está o uso obrigatório uso de máscara, medição de temperatura na porta e a instalação de mais de 70 totens de álcool gel pelo local. Porém, a principal medida de segurança nesta reabertura é o controle de público. Com duração de uma hora, cada visita terá o limite de até 10 pessoas.
— Estamos abrindo dessa forma porque a pandemia está muito instável. Então, vamos controlar a entrada de público de forma precisa, saber quantas pessoas virão para que a gente consiga se preparar — explica o diretor da instituição, Diego Groisman.
A Casa de Cultura suspendeu suas atividades em março de 2020 por conta da pandemia de coronavírus. Uma reabertura estava prevista para novembro do ano passado, mas a data acabou sendo adiada em função do aumento do número de casos de covid-19 na Capital naquele período.
Conforme Groisman, esta reabertura irá funcionar como um teste. A ideia é que esta primeira etapa da retomada se estenda até fevereiro. Um segundo passo seria a volta dos eventos na Travessa dos Cataventos, utilizando o espaço para receber pequenas feiras. A reabertura total da CCMQ só deve ocorrer, se a situação da pandemia for favorável, a partir de junho.
— Neste primeiro semestre, não falamos em teatro, não falamos em sala de ensaio. Só espaços expositivos e locais abertos, como as passarelas e os jardins. Não estaremos com o café funcionando neste momento. Vamos analisando como a pandemia vai respondendo. Ninguém consegue prever como será a vacinação. Vamos mantendo assim até achar que a gente pode abrir mais, receber mais pessoas por turno de visitas se tiver procura. Ou abrir para uma visitação com máximo de limite sem agendamento. Aos poucos vamos tentar liberar mais as entradas — diz o diretor da CCMQ.
Novidades da Casa
A Casa de Cultura reabre com novidades, trazendo novos ambientes expositivos e museológicos. Há três novos espaços em homenagem a CCMQ e ao poeta: dois ficam no complexo do quarto de Mario Quintana, que apresentam vídeos, objetos e documentos do autor. Em frente, há uma sala chamada Acervo de Memória CCMQ, que serve para valorizar a memória da casa.
Também houve a revitalização de ambientes já conhecidos do público, como o Acervo Elis Regina. Além disso, a CCMQ agora conta com três espaços para exposições artísticas, como destaca Groisman:
— As exposições sempre foram a cargo do MACRS, que tem sede aqui. Também decidimos abrir alguns espaços nossos da Casa. Reabrimos com exposições de jovens curadores, jovens artistas .
Nesta retomada da CCMQ, também foi aberto o Espaço Maria Lídia Magliani, em homenagem à artista plástica pelotense. O local fica no átrio de acesso ao Jardim Lutzenberger, no quinto andar da instituição, e a exposição responsável por inaugurá-lo se chama Somos Todas um Só Nó, com curadoria de Daniele Barbosa, reunindo obras de artistas visuais negras.
— É uma exposição que fala muito sobre a negritude, de valorização da arte de pessoas negras — pontua o diretor.
Outro espaço novo é a Sala Radamés Gnattali, no quarto andar, que será dedicada à música. Em sua abertura, a sala recebe a exposição Aos Carnavais que Virão, que reúne fotografias históricas e documentos sobre o carnaval de rua em Porto Alegre, com curadoria de Diego Vacchi.
— Como não teremos essa festa em janeiro e fevereiro, que seria tão comum no Brasil, Vacchi buscou um histórico dos carnavais de rua da Capital. Essa exposição faz uma homenagem a esses carnavais — destaca Groisman.
No térreo, o Espaço Majestic recebe o público com a instalação Esqueleto no Armário, da artista visual Manoela Cavalinho, que questiona os traumas da ditadura militar nas memórias da artista e de sua família. A obra traz um texto escrito com cera de abelha e parafina dentro de um guarda-roupa. Com o calor, é provável que essa cera se modifique ao longo dos dias, dando uma nova cara à obra.
— O Espaço Majestic talvez seja um dos espaços mais nobres da Casa, pois fica na esquina da Travessa dos Cataventos com a Sete de Setembro. O local tem um cara de vitrine, com janelas de vidro que apontam para a rua. Esse espaço sempre vai comportar instalações de arte, coisas grandes, atrativas visualmente. Para as pessoas passarem ali e se interessarem em visitar — detalha o diretor.
Já o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) reabre com a mostra Mulheres nos Acervos, que reúne obras de mulheres presentes em coleções públicas de Porto Alegre. A exposição é fruto da pesquisa das historiadoras da arte Cristina Barros, Marina Roncatto, Mel Ferrari e Nina Sanmartin.
Primeira visita
A primeira visitante da reabertura da CCMQ veio de Manaus (AM). Luana Almeida, 21 anos, está a passeio por Porto Alegre e gostou do que viu no local. Dentre os pontos que ela destaca, estão a arquitetura do prédio, a mostra sobre Carnaval e, principalmente, a diversidade nas exposições.
— Foi maravilhoso, algo que eu queria visitar desde que eu cheguei aqui. Sempre ouvi falar da Casa. Fui muito bem recepcionada. Tudo tão limpo, tão bem explicado — relata.