Depois de uma verdadeira campanha nas redes sociais, fomentada pela mulher, Paula Lavigne, Caetano Veloso fez sua própria live, ao lado dos filhos, Tom, Zeca e Moreno, em 7 de agosto, dia de seu aniversário, quando completou 78 anos. Àquela altura, Gilberto Gil já tinha comemorado 78 anos, em 26 de junho, também ao vivo, num show temático de São João no YouTube — e, dias antes, o músico havia se apresentado com a cantora Iza na mesma plataforma.
Agora, seguindo os passos de seus grandes amigos e "irmãos espirituais", como já chegou a defini-los, Gal Costa tem finalmente sua live confirmada para 26 de setembro, dia em que celebra 75 anos, a partir das 22h, com transmissão pelo canal TNT, tanto na televisão quanto no canal da emissora no YouTube para toda a América Latina.
É mais uma oportunidade preciosa de ver, de qualquer parte do mundo, um grande nome da MPB em um show com qualidade técnica, transmissão aberta (no YouTube) e repertório afetivo e com grandes sucessos. Advento desses tempos de pandemia.
Em entrevista ao Estadão, a cantora contou que fãs que mantêm perfis no Instagram em homenagem a ela começaram a postar pedindo live no dia de seu aniversário. Certamente, inspirados em Gil e Caetano, concorda a cantora:
— Aí a gente resolveu fazer essa live. Quando sugeriram, topei de cara.
Com 55 anos de carreira, a cantora diz gostar da ideia desse novo formato.
— Muita gente tem feito (live). Eu vi a do Gil, do Caetano, da Fafá de Belém, vi algumas, e acho que é bem legal fazer. Então, para mim, não é difícil. Não tenho que estar no palco para cantar. Sei que também é uma oportunidade que você tem de levar às pessoas um pouco de música. Na verdade, é um grande alento para elas. Música é um bálsamo para a alma: não só para quem faz, como eu, como também é para as pessoas que ouvem, que gostam. Para mim, é mais do que importante fazer essa live. E é uma nova maneira de se comunicar com o público num momento difícil como este — afirma Gal.
Sucessos da carreira
Acompanhada pelos músicos Pedro Sá (violão e guitarra) e Chicão (teclado), Gal revisitará sua obra, trazendo antigos sucessos como Baby e Vaca Profana, além de músicas de discos mais recentes. O repertório, no entanto, será definido de fato, por Gal e Marcus Preto, diretor artístico dos projetos da cantora, durante os ensaios realizados às vésperas da live:
— Vou cantar os grandes sucessos da minha carreira, canções que estão no imaginário das pessoas, que elas conhecem, para cantarem junto. Você vai fazer uma live e levar música para as pessoas, então tem que levar o que elas querem ouvir, o que elas gostam. Por que pensar em inovar num momento deste? O fato de fazer uma live já é um dado novo. Que artista imaginou um dia fazer uma live? A gente trabalha com aglomeração, com público, com calor, com emoção. Vamos ter que aprender a levar tudo isso para as pessoas através de uma live.
Ainda sobre o repertório do show ao vivo, fugindo um pouco dos hits, Gal cantará Creio, composição de Lulu Santos que ela gravou no disco Lua de Mel Como o Diabo Gosta, de 1987 — e que ela não canta há muito tempo. Será uma apresentação intimista para plateias virtuais, como exigem os protocolos de segurança em tempos de coronavírus. Gal diz estar tranquila.
— Temos infectologista, vamos fazer (o show) cercados de todo o cuidado. Antes de nos encontrarmos, todos nós faremos o teste (para covid-19) para ficarmos tranquilos. Vamos usar máscara, manter a distância necessária um do outro — ponderou.
Antes da quarentena, os planos de Gal também envolviam uma turnê em comemoração aos 55 anos de carreira. O cenário, no entanto, mudou com a pandemia. E a live agora inaugura essa celebração:
— Acabamos tornando esse projeto dela com os meninos, que tem clima de retrospectiva, uma espécie de primeiro passo para essas comemorações. A gente quer vai fazer o tour dos 75 com esse repertório, sim — comenta Marcos Preto.
Isolamento
Confinada há meses com o filho de 15 anos, em sua casa em São Paulo, Gal diz que segue à risca as recomendações de isolamento:
— Estou desde o começo aqui, evitando contato com as pessoas. Quando saí, e foram pouquíssimas vezes, saí com máscara, com distanciamento. Ou seja, estou em casa, esperando as coisas melhorarem para voltar à rotina.