SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um movimento em defesa da Cinemateca Brasileira lançou ontem um manifesto em favor da entidade, reforçando o papel de "patrimônio da sociedade" ao abrigar mais de 120 anos de história da cultura audiovisual brasileira.
Artistas como Fernando Meirelles, Bárbara Paz e Alessandra Negrini falam em um vídeo contra o desmonte da Cinemateca e divulgam uma "vaquinha virtual" criada para ajudar na situação de emergência financeira, com atrasos de salários dos funcionários.
No site em que é possível fazer doações pela causa e já soma quase R$ 53 mil de uma meta primária de arrecadar R$ 200 mil, trabalhadores da Cinemateca expõem que estão com "dois meses de salários e notas de prestação de serviços atrasadas, e três meses sem os benefícios essenciais como vales refeição e alimentação. Não há, inclusive, dinheiro para a rescisão dos trabalhadores, tampouco houve o recolhimento do FGTS dos trabalhadores desde de março deste ano".
"A situação colocada hoje é fruto de uma política do Estado para terceirizar e privatizar os serviços públicos, postura de longa data de autoridades públicas que, cada vez mais, não se responsabilizam pela administração de seus órgãos", acusam os trabalhadores.
"[É] uma prática aberta a administrações nada transparentes, com interferências políticas duvidosas para atender interesses de ocasião."
"A Acerp, uma organização social vinculada ao Ministério da Educação para a gestão da TV Escola, ganhou a licitação para gerir a Cinemateca Brasileira, assinando em 2018 um termo aditivo ao Contrato de Gestão da emissora, que envolveu também o hoje extinto Ministério da Cultura. No final de 2019, o vínculo da Acerp para gerir a TV Escola foi encerrado bruscamente pelo Ministério da Educação. Assim, o termo aditivo da Cinemateca Brasileira também se extinguiu e a Acerp afirma estar tentando, desde então, restabelecer um repasse do Governo Federal para a continuidade da instituição. Esse imbróglio político e jurídico afetou radicalmente os trabalhadores da TV Escola e da Cinemateca Brasileira", explicam os trabalhadores da Cinemateca.
Conforme publicou o colunista do Uol Ricardo Feltrin, em carta aberta divulgada a seus mais de 150 funcionários, a presidência da Acerp (Fundação Roquette Pinto) cobrou publicamente o pagamento da dívida que o Ministério da Educação tem com a entidade -que administra a Cinemateca em São Paulo.
A dívida já passa dos R$ 13 milhões e se deve a serviços prestados pela fundação no ano passado e em 2020.
Regina Duarte teve prometido um cargo na Cinemateca após ser exonerada pelo presidente Jair Bolsonaro da Secretaria Especial da Cultura, mas, de acordo com Feltrin, a vaga já foi descartada.