Ex-ministro da Cultura do governo Michel Temer (MDB), o deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ) criticou a nomeação feita por Jair Bolsonaro para o comando do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Segundo ele, o ato é sem sentido e a indicada não tem qualificação para o cargo.
Em despacho do chefe da Casa Civil, Braga Netto, publicado no Diário Oficial, a servidora do Ministério do Turismo Larissa Rodrigues Peixoto Dutra assumirá a presidência do órgão de proteção do patrimônio.
A nomeação está sendo questionada por servidores do Iphan e da área da cultura porque Larissa é graduada em hotelaria e não tem experiência na gestão do patrimônio. O cargo é tradicionalmente ocupado por arquitetos.
Calero deixou o ministério, em 2016, denunciando pressões políticas sobre o Iphan. Ele acusou o então ministro Geddel Vieira Lima, atualmente preso, de pressionar o órgão a liberar a construção de um edifício em área histórica de Salvador.
Em vídeo divulgado em suas redes sociais, ele afirma que o órgão tem poder de fiscalização e controle e pode auxiliar no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.
O deputado afirma que propôs um projeto de decreto legislativo para anular a nomeação e estuda ainda medidas judiciais para questionar o preparo de Larissa para a função.
— Nada de pessoal contra ela, mas precisamos que esteja no Iphan alguém com as qualificações necessárias para tanto. É inacreditável que um governo que tenha sido eleito prometendo preencher os cargos de confiança com pessoal técnico se preste a esse papel — diz Calero.
O Ministério do Turismo soltou uma nota nesta segunda-feira (11), após a repercussão da nomeação de Larissa. O texto informa que a servidora trabalha há 11 anos no ministério e atualmente comandava o programa Revive Brasil, que tem o objetivo de reabilitar o patrimônio público, permitindo o desenvolvimento de atividades econômicas e do turismo.
Segundo a nota, Larissa pretende, no Iphan, "estabelecer parcerias que auxiliem na consolidação do patrimônio cultural brasileiro como vetor de desenvolvimento para as cidades, contribuindo especialmente nesse momento de retomada da economia".