Por meio de sua conta no Instagram, a secretária da Cultura, Regina Duarte, publicou um vídeo que foca uma flor balançando ao vento, mas o que sobressai dali é a parte em áudio. Simultaneamente à imagem, um homem diz que é agora que "ele" vai conhecer a atriz e sua equipe.
O vídeo foi publicado horas antes de um encontro entre Regina e Jair Bolsonaro, que ocorre desde o fim da manhã desta quarta-feira (6). É um momento de fragilidade para a atriz, criticada pelo presidente por período de ausência em Brasília e também por nomeações consideradas fora do tom ideológico do governo.
— Ele não sabe quem somos, onde a gente quer chegar, que tipo de visão a gente tem — diz a voz na publicação Regina. — Ele foi traído inúmeras vezes. Então tem que falar para o coração dele.
Nesta semana, a secretária prestou homenagens ao teatro brasileiro e a dois artistas das artes cênicas, Flavio Migliaccio, encontrado morto na segunda (4), e Plínio Marcos, dramaturgo morto em 1999. A atriz já havia sido cobrada anteriormente nas redes sociais por não se manifestar a respeito da morte de artistas célebres, como Moraes Moreira e Rubem Fonseca.
Ela rompe com essas últimas homenagens o silêncio do governo Bolsonaro sobre a morte de diversos artistas de projeção internacional, como João Gilberto, pai da bossa nova, morto no ano passado. A conversa marcada com presidente se dá após processo de fritura da secretária.
Bolsonaro interferiu em nomeações da pasta e, após repercussão, recuou de uma delas. Nesta terça (5), o maestro Dante Henrique Mantovani foi devolvido à presidência da Funarte, a Fundação Nacional de Artes. No início da noite, o presidente tornou a nomeação sem efeito.
Mantovani havia sido exonerado por Regina em março, logo após sua posse. Antes, ele havia associado o rock ao satanismo e ao aborto. Ao renomeá-lo, apesar do recuo, Bolsonaro quer manter a força da ala ideológica no governo e, consequentemente, a militância bolsonarista aguerrida nas redes sociais.