No dia em que tomou posse como nova secretária da Cultura do governo Bolsonaro, Regina Duarte já se tornou alvo de apoiadores do presidente por conta das exonerações publicadas no Diário Oficial da União desta quarta-feira (4).
A nova gestão demitiu ao menos 12 servidores que exerciam cargos de chefia na pasta — pelo menos seis deles são considerados "bolsonaristas" ou "olavistas", como são chamados os seguidores do escritor Olavo de Carvalho, que é aliado ao presidente. Entre eles está o maestro Dante Mantovani, agora ex-presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
As demissões provocaram uma chuva de críticas a Regina Duarte nas redes sociais. Se antes da posse a atriz era chamada de fascista por membros de partidos da esquerda, agora já como secretária é chamada de esquerdista pela ala da direita. O próprio Olavo de Carvalho se manifestou sobre as primeiras ações da nova secretária de Cultura:
Apoiadores do presidente chegaram a levantar a hashtag #ForaRegina, acusando a nova secretária de designar membros de partidos de esquerda para cargos na pasta:
Outras pessoas não gostaram da postura dos bolsonaristas em relação às ideias de Regina, como foi o caso da deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que se irritou com as críticas:
Durante seu discurso de posse em Brasília na manhã desta quarta, Regina Duarte lembrou que, durante as negociações com Bolsonaro para que ela assumisse o cargo, ficou acertado que a atriz teria total liberdade sobre o órgão.
— O convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada, carta branca. Não vou esquecer não, presidente. Foi inclusive com esses argumentos que eu me estimulei e trouxe para trabalhar comigo uma equipe apaixonada, experiente, louca para botar a mão na massa — disse a nova secretária.
Bolsonaro respondeu dizendo que a "porteira fechada" foi dada a todos os seus ministros, mas, em determinadas situações, ele pode exercer o poder de veto sobre alguns nomes.
— Já o fiz em todos os ministérios, até porque, para proteger a autoridade, que por vezes desconhece algo que chega ao nosso conhecimento. Isso não é perseguir ninguém. É colocar os ministérios, as secretarias na direção que foi tomada pelo chefe do executivo — explicou o presidente.
Também demitido, Camilo Calandreli, que atuava como secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, afirmou ao jornal O Globo que "a carta branca" para as exonerações na pasta foi dada por Bolsonaro.
Veja a lista dos servidores exonerados da Secretaria Especial da Cultura:
- Dante Mantovani: presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte)
- Leônidas José de Oliveira: diretor-executivo da Fundação Nacional de Artes (Funarte)
- Paulo César do Amaral: presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)
- Ricardo Freire Vasconcellos: diretor do Departamento do Sistema Nacional de Cultura
- Rodrigo Junqueira: secretário de Difusão e Infraestrutura Cultural
- Reynaldo Campanatti: secretário de Economia Criativa
- Raquel Cristina Brugnera: chefe de gabinete da Secretaria da Economia Criativa
- Camilo Calandreli: secretário de Fomento e Incentivo à Cultura
- Gislaine Targa Neves Simoncelli: chefe de gabinete da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura
- Marcos Villaça: secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual
- Ednagela dos Santos Barroso dos Santos: diretora do Departamento de Promoção da Diversidade Cultural
- Maurício Noblat Waissman: coordenador-geral da Política Nacional de Cultura Viva