A primeira semana da 65ª Feira do Livro de Porto Alegre se encerrou deixando sentimentos mistos entre os expositores e participantes. Para muitos, estes primeiros 10 dias sinalizam com a promessa de boas vendas ao fim do evento, embora a frequência na Praça não tenha sido tão intensa como em edições anteriores. A maioria espera que as coisas melhorem nos dias que ainda há pela frente.
– Vi menos gente circulando este ano, mas até agora tivemos um público tranquilo, mas comprador – afirma Guiomar Beinecke, proprietário da livraria Entrelinhas.
Já o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Isatir Bottin Filho, discorda da baixa frequência, ressaltando que o clima instável deste início de novembro foi bastante responsável por essa impressão contraditória de boas vendas e baixo movimento.
– A gente tem observado que tivemos dias muito bons e dias ruins, de acordo com o tempo. Os primeiros três dias foram de temperatura amena e tivemos um volume de vendas semelhante ao do ano passado. Na segunda-feira choveu, e as vendas caíram. Da quarta em diante foi muito, muito bom. Não fizemos um balanço completo, mas estamos com uma expectativa positiva – diz Bottin Filho.
O que os expositores presentes na Praça da Alfândega notaram também nesta primeira semana foi o quanto o atual momento político e econômico parece ter influenciado as vendas e o comportamento dos consumidores. Dando sequência a uma tendência verificada no ano passado, livros de apelo político estão sendo muito vendidos.
– Passou a onda do best-seller místico. Vendi muito livros sobre política – comenta Beinecke.
Reajuste
Além disso, muitos compradores parecem estar esperando o momento propício para comprar, principalmente em um período de salários parcelados pelo governo estadual.
– Uma coisa que chamou muito a atenção para a gente aqui foi a ausência nesses primeiros dias de professores, que sempre foram nosso público – narra João Carneiro, editor da Tomo Editorial, numa afirmação que ecoa algo dito também por Vitor Zandomeneghi, livreiro da Banca dos Livros:
– É tradicional que o leitor que trabalha com educação seja o público da Feira, e esses estão planejando suas compras já tendo em vista seus salários parcelados.
Vitor também aponta outra questão que vai impactar no balanço final da Feira, depois que o evento for encerrado, no próximo domingo. Após um período em que editoras e livrarias seguraram o preço dos livros por dois anos, este é um ano em que eles sofreram reajustes que terão impacto no orçamento.
– Mesmo com o desconto da Praça, os livros estão com um valor entre 5% e 10% maior do que no ano passado. Então, mesmo que o volume de vendas se mantenha o mesmo, talvez o saldo final seja melhor – afirma.