Porto Alegre teve sua tarde de Mississípi neste sábado (10). Uma multidão de fãs de jazz e blues se formou na Redenção para ouvir alguns dos mais influentes nomes do cenário nacional, e ainda ganharam de presente uma apresentação histórica de Jimmy Burns – um dos remanescentes da segunda geração de ouro do blues americano.
Quem abriu o 5º Festival BB Seguros de Blues e Jazz na Capital foi o Trino Jazz Trio, seguido por André Christovam, Thiago Espírito Santo e Raul de Souza e o Tributo a Eric Clapton, que recuperou os grandes sucessos de um dos melhores guitarristas de todos os tempos. Em seguida, subiu ao palco aquele por quem boa parte do público aguardava: Sérgio Dias.
O eterno guitarrista de Os Mutantes surgiu com um de seus tradicionais figurinos temáticos – para o show na Capital, escolheu um casaco vermelho de camurça que parecia ter herdado de Luis XV. Acompanhado de baixista, baterista, tecladista e flautista, com os quais disse ter ensaiado apenas duas vezes, mostrou porque ainda tem tantos fãs. Com seus bends prolongados e ligados suaves nas cordas agudas, preencheu a redenção com o mais puro jazz contemporâneo.
— Viemos de São Leopoldo para curtir o festival. O ponto alto é o Sérgio Dias, um baita guitarrista, e poder vê-lo assim, de graça, é bom demais — comemorava o músico Genésio Monteiro, 31 anos, que se declara fã de blues.
Sua parceira de festival, a designer de interiores Maria Cristina Camargo, 38, conta que perdeu o evento no ano passado, mas não cometeria o mesmo erro duas vezes. Como centenas de outros espectadores, os amigos procuravam as áreas de sol ao longo da esplanada da Redenção, enganando um frio que indicava 16°C nos termômetros.
Para encerrar o seu show, Dias chamou ao palco Luiz Carlini, um dos fundadores da banda Tutti Frutti, que consolidou a carreira de Rita Lee. A parceria dos dois encerrou com Ando Meio Desligado, para o deleite do público saudoso pelo som de Os Mutantes.
— Trouxe minha filha para ouvir um legítimo jazz, que infelizmente não se ouve mais nas rádios comerciais e tampouco passa na TV nos programas de entretenimento — disse o administrador de empresas Paulo Andrade, 42 anos.
Com o pequeno Cauê, seis anos, sobre os ombros, dançava e cantava com entusiasmo ao ritmo que vinha dos amplificadores. Os apaixonados por blues tiveram o gran finale com a apresentação do americano Jimmy Burns, que parecia ignorar seus 76 anos para esbanjar uma voz poderosa e marcar notas firmes na guitarra para trazer a Porto Alegre a música lamuriosa criada pelos escravos nos campos de algodão do sul dos Estados Unidos.