Quase uma semana depois de parte da Casa do Imigrante desabar em São Leopoldo, pouco mudou no que restou da estrutura e nos planos do que fazer com ela. O local que recebeu as primeiras famílias de alemães que chegaram ao Estado – e desde 2014 estava fechado ao público devido aos graves problemas estruturais – agora está cercado por tapumes e com escoras nos arredores, para evitar ainda mais danos. Ainda não foi orçado um custo para a reconstrução da Casa.
A Secretaria Estadual da Cultura (Sedac) garante que está em curso um acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Habitação e Obras Públicas, prevendo vistoria anual e sistemática dos bens tombados estaduais e a contratação de serviços terceirizados para manutenção e conservação de prédios históricos estaduais ligados à Sedac.
Em nota, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) afirmou que o desabamento de parte da estrutura da antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo serve de alerta "pois o pior ainda não aconteceu":
"Mais do que achar culpados, é preciso olhar para frente, salvar o que resta e pesquisar exaustivamente a melhor solução de salvaguarda e de intervenção para uma restauração certeira com minimização de equívocos, uma intervenção capitaneada por equipes multidisciplinares e capacitadas com profissionais que dominem as técnicas de intervenção necessárias e mais do que nunca, planejar e prever a permanência e a preservação do bem tombado às gerações vindouras".
Incidente foi um "pedido de socorro"
Para Lucas Volpatto, arquiteto e urbanista integrante da Comissão Temporária de Patrimônio Histórico do conselho, a edificação histórica desabou "como um pedido de socorro" não somente em São Leopoldo, mas em cada município com patrimônio edificado legalmente reconhecido que acaba abandonado seja por desinformação, seja burocracia das administrações ou simples desinteresse.
Em artigo publicado em GaúchaZH, o historiador René E. Gertz lamentou o desabamento do que considera um marco importante na condição de São Leopoldo como Berço da Imigração Alemã no Brasil. "No mínimo desde 2017, a situação financeira do museu está em petição de miséria. Já na década de 1980, quando foi construído um novo prédio para abrigá-lo, a construção ficou pela metade; os pilares de concreto abandonados, ao lado da parte concluída, dão testemunho do fato. Apesar dessas dificuldades, o poder público contribuía com certa importância, que permitia o funcionamento da instituição. Nos últimos dois anos, essa ajuda deixou de existir, e, se o museu continua funcionando, isso se deve à dedicação de sua diretoria, que conta com o trabalho de voluntários e uma modesta ajuda financeira de algumas pessoas físicas e jurídicas."
Atualmente, o Museu Histórico está com um projeto na Lei Rouanet para a digitalização e a catalogação de seu acervo. Dos R$ 127,7 mil, foram captados 19,7 mil com doações de pessoas físicas. Outra forma de apoiar o Museu e a Casa é se tornar um mantenedor com doações a partir de R$ 10 que podem ter periodicidade entre mensal e anual.
Para ajudar
Como doar para o Museu histórico de São Leopoldo:
— O Museu, que administra a Casa do Imigrante, recebe doações a partir de R$ 10 que podem ter periodicidade mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual.
— O formulário para se tornar um mantenedor pode ser acessado pela internet.
— Outras informações podem ser obtidas na página do Museu no Facebook.