Nesta quarta-feira (6), um dia após o desmoronamento de parte da Casa do Imigrante, em São Leopoldo, as autoridades avaliavam os danos no prédio tombado pelo patrimônio histórico do Estado. O acervo já havia sido retirado do local após a constatação, em 2014, de problemas na estrutura.
Cássio Tagliari, presidente do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, entidade que administra a Casa do Imigrante, informa que vai convocar técnicos para contabilizar as perdas, mas isso ainda não tem prazo para ocorrer.
Uma tentativa de levantar fundos para a manutenção da Casa nos últimos anos terminou sem sucesso. Entre 2016 e 2017, foram aprovados um projeto de R$ 733 mil pela Lei de Incentivo à Cultura estadual (LIC-RS) e outro de R$ 128,7 mil pela Lei Rouanet para o restauro da cobertura, mas a única doação, de R$ 5 mil, foi do próprio Tagliari. Com o desabamento da terça-feira, o projeto de restauro será transformado em um projeto de reconstrução, também a ser financiado via lei de incentivo.
– Estamos começando a contagem regressiva para o bicentenário da imigração alemã (no Brasil, em 2024), e uma série de ações devem acontecer. Queremos encaixar esse projeto para tentar captar o dinheiro nessa comoção que o bicentenário tende a trazer – diz Tagliari.
O presidente do Museu Histórico atribui parte da dificuldade em captar verba às regras das leis de incentivo, que considera "muito restritivas":
– Quase ninguém pode doar. Na Rouanet, só pode doar a pessoa física que declara o Imposto de Renda no modo completo. Entre as empresas, só podem doar as que são tributadas pelo regime de lucro real, que são pouquíssimas.
Custo dividido para reerguer a Casa
Outro motivo, segundo ele, é a falta de interesse de empresas em associar sua marca à Casa:
– Todo mundo (que busca patrocínio) bate nas mesmas portas. Então, na hora de definir a estratégia de marketing, a empresa investe no que dá mais visibilidade. Mas não vou criticar, a empresa privada investe no que é melhor para seu negócio. A questão é a sociedade. A sociedade, como um todo, abandonou a Casa.
O secretário de Cultura e Relações Internacionais da prefeitura de São Leopoldo, Pedro Vasconcellos, afirma que pretende envolver os governos estadual e federal na busca de recursos para a reconstrução:
– Certamente, vamos contribuir, mas a prefeitura não tem como arcar sozinha com uma obra dessas, senão já teria feito. É uma obra cara. Então, precisamos dividir o custo com o Estado, a União, os empresários, o Museu. A maneira de solucionar a questão será todo mundo se envolver.
Vasconcellos reclama da falta de políticas, editais e recursos para a cultura nos municípios, situação que ele compara a um "processo de asfixia":
– O Estado repassa alguns recursos por meio de editais que a gente ganha, mas pelo menos tem alguma coisa. Já o Governo federal faz três anos que não repassa um centavo para São Leopoldo na área da cultura. Todas as cidades da Grande Porto Alegre têm equipamentos culturais fechados, caindo ou em dificuldade, porque as prefeituras não têm dinheiro para manter sozinhas esses espaços.
Atualmente, o Museu Histórico está com um projeto na Lei Rouanet para a digitalização e a catalogação de seu acervo. Dos R$ 127,7 mil, foram captados 19,7 mil com doações de pessoas físicas. Outra forma de apoiar o Museu e a Casa é se tornar um mantenedor com doações a partir de R$ 10 que podem ter periodicidade entre mensal e anual.
COMO DOAR PARA O MUSEU HISTÓRICO DE SÃO LEOPOLDO
– O Museu, que administra a Casa do Imigrante, recebe doações a partir de R$ 10 que podem ter periodicidade mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual.
– O formulário para se tornar um mantenedor pode ser acessado pela internet.
– Outras informações podem ser obtidas na página do Museu no Facebook.