Por Gerson Roberto Neumann (UFRGS/Instituto Histórico de São Leopoldo), Isabel Cristina Arendt (Unisinos/Instituto Ivoti/Instituto Histórico de São Leopoldo) e Marcos Antônio Witt (Unisinos/Instituto Histórico de São Leopoldo)
Falar da importância da Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante remonta ao ano de 1788, quando a empresa imperial Real Feitoria do Linho-Cânhamo foi transferida a São Leopoldo, provinda de Canguçu, na época pertencente a Pelotas, onde funcionava desde 1783. Suas atividades foram mantidas neste espaço até março de 1824, quando a empresa foi desativada.
A função destinada a esta casa, alguns meses depois, foi a de alojamento para os imigrantes alemães – agricultores e artesãos – vindos em julho de 1824 para a província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Tratava-se de outro projeto imperial, e os recém chegados deveriam aguardar neste espaço até receberem os lotes coloniais específicos para sua instalação.
Até a década de 1930, a casa foi adquirida por diferentes colonos. No final desta década, é adquirida por duas entidades privadas: Sínodo Rio-grandense e Sociedade União Popular. O arquiteto Theo Wiederspahn recomenda, em 1939, a restauração da casa. Passa, então, por uma alteração do estilo arquitetônico português para o enxaimel, mantido até hoje. A casa abrigou uma escola – entre 1941 a 1976, pois havia sido transferida ao poder público – município de São Leopoldo.
Apenas no ano de 1980, a Casa é doada ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo através de lei municipal. Assim, inicia-se de fato a transformação da Casa em Museu. Mediante apoio de instituições privadas, para uma nova reforma, foi aberta ao público para visitação em 1984.
Por vários anos, estiveram ali expostos móveis, utensílios do cotidiano, maquinários, ferramentas e fotografias, os quais compunham diferentes ambientes. Nestes, eram representadas cozinha, dormitório, sala de estar, sala de costura. Na parte mais atingida pelo desabamento do telhado, estava abrigada a venda ou estabelecimento comercial.
Houve nova intervenção no final da década de 1990, quando recebeu recursos do Fundo de Cultura. Recentemente, por conta do risco de desabamento de seu telhado, a Diretoria do Museu decidiu retirar o acervo daquele espaço. Esforços para evitar essa “tragédia anunciada” não faltaram.
Estas informações, assim como detalhes históricos das diferentes intervenções realizadas na Casa e sobre seus apoiadores específicos, podemos encontrar no artigo “Casa do Imigrante”, escrito pelo historiador Marcos Antônio Witt, professor do Programa e Pós-Graduação em História da Unisinos, e publicado no livro sobre os 50 anos do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, em 2012.