Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade desta segunda-feira (3), a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, trouxe à tona o quanto a valorização e o cuidado com o patrimônio está sendo prioridade para autoridades e pela sociedade como um todo. A responsável pelo órgão fez uma análise sobre o incêndio que atingiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Bogéa explicou que o projeto de R$ 21,3 milhões, assinado com o BNDES há três meses, poderia ter evitado a tragédia deste domingo (2), já que o edital previa toda a requalificação do museu, incluindo a parte hidráulica, elétrica e estrutura para situações de emergência.
— A nova estrutura teria todas as condições de segurança, e não teria tido esta proporção. Infelizmente, não há como ter uma reconstrução do Museu. O patrimônio é algo que se destrói e que é insubstituível.
Em conversa com os jornalistas da Rádio Gaúcha, Bógea frisou que o tragédia significa uma falta de cuidado com toda área cultural.
— O Museu de Arte de Brasília que está fechado por falta de dinheiro pra obras de readequação. É a situação de um país que está quebrado. Há dinheiro para segurança, saúde, educação... mas o que é prioridade? (...) O país precisa assistir uma tragédia dessa dimensão para fazer uma reflexão sobre a memória e a história.
Além disso, a representante do Iphan questiona o quanto a sociedade se preocupa com a valorização dos espaços culturais:
— Não é só a falta de cuidado com os museus, é com toda a área cultural do país. Precisamos de recursos humanos, financeiros e compromisso nas três esferas. Diria mais: da quarta esfera, que é a sociedade, que tem que estar comprometida com a memória e o patrimônio do Brasil.