Valter Hugo Mãe vem se consolidando na última década como uma das principais vozes contemporâneas da literatura portuguesa. Em suas passagens pelo Brasil desde 2011, quando veio a Paraty para a Flip, foi consolidando também uma "persona" palestrante: intenso, sensível, emotivo, não raro alvo de declarações de amor da plateia ao fim dos encontros.
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Não é à toa que o título da conferência que Mãe apresentará nesta segunda-feira em Porto Alegre no Fronteiras do Pensamento será justamente "Síndrome de Bom Moço". Como o escritor é assumidamente contrário aos rótulos, talvez sua fala na noite desta segunda-feira não tenha a intenção de abraçar a fama, mas, de algum modo, de rejeitá-la.
Mãe é o pseudônimo do escritor português (nascido por acidente em Angola) Valter Hugo Lemos. O "mãe" que tomou como sobrenome tinha a intenção explícita de se filiar uma delicadeza feminina para ele essencial. Esse gesto _ mais o fato de seu primeiro livro, O Remorso de Baltazar Serapião (Editora 34), ser uma aguda reflexão sobre o lugar da mulher numa sociedade arcaica, que é de algum modo metáfora dos aspectos ainda patriarcais do mundo contemporâneo - valeu-lhe um primeiro rótulo, o de um escritor homem que escrevia com uma voz "feminina". Logo Valter Hugo correu a mudar algumas coisas em seus livros posteriores para fugir desse esquema um tanto simplista.
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- Adoraria até eu mesmo não me definir depressa demais, embora toda a vertigem seja colocada na descoberta dessa definição. Posso abreviadamente dizer quem sou, mas odeio. A resposta mais rápida, que pode ser a mais exata, também é uma morte. Ela mata a pessoa. Diz: você é isto, não será mais do que isto. Retira o sentido para continuar. Mais vale colocar logo a terra por cima - declarou o autor, em entrevista a Zero Hora publicada na edição do último domingo.
Pelo mesmo motivo, Mãe recentemente abdicou de uma de suas "marcas" editoriais: assinava seus livros e os escrevia sem o uso de maiúsculas, algo que também abandonou porque reduzia seus romances a "livros que o autor escreve sem maiúsculas", como contou em sua passagem por Porto Alegre na Feira do Livro de 2012. No encontro desta segunda-feira do Fronteiras, Mãe promete criar mais dúvidas do que certezas:
- Estou interessado em algo tão absurdo e impossível de definir quanto o sentido da vida. Procurarei esclarecer dúvidas que talvez suscitem dúvidas melhores - afirmou.
FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
Valter Hugo Mãe estará nesta segunda-feira em Porto Alegre para uma conferência na série de palestras Fronteiras do Pensamento. O encontro será às 19h45min, no Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110). Os ingressos estão esgotados.
As próximas palestras serão de Saskia Sassen e Richard Sennet (24 de agosto), Suzana Herculano-Houzel (28 de setembro), Fernando Savater (26 de outubro) e Janette Sadik-Khan (23 de novembro).
Os quatro encontros do Fronteiras Educação serão realizados de agosto a novembro, com o patrocínio exclusivo da Petrobras e parceria com Secretaria Municipal da Educação e UFRGS. Informações pelo fone 4020-2050. O Fronteiras do Pensamento é apresentado por Braskem e tem patrocínio de Unimed Porto Alegre e Hospital Mãe de Deus, com parceria acadêmica da UFRGS. As empresas parceiras são Liberty Seguros, BNDES e CMPC. Parceria institucional PUCRS e Fecomércio-RS e parceria cultural UFCSPA. Patrocínio módulo educacional Petrobras. Promoção Grupo RBS.