O 2º Caderno aponta episódios e filmes que se destacaram no 43º Festival de Cinema de Gramado, bem como o que pode melhorar na próxima edição.
Premiação pulverizada e mensagens políticas marcam encerramento do Festival
Confira a lista completa de vencedores do 43º edição do evento
Chico, ausente
"Ausência" vence Festival de Cinema de Gramado
Ximenes, a surpresa
Estreando como produtora, Mariana Ximenes comprou o projeto da amiga Claudia Jouvin, diretora de Um Homem Só. Com o corpo pintado de sardas e apliques ruivos nos cabelos, a atriz interpretou uma jovem pela qual o protagonista, Vladimir Brichta, se apaixona. A narrativa é confusa, e a direção tem decisões questionáveis (Brichta interpreta um sujeito em crise que resolve se clonar). O filme levou três Kikitos, dois de interpretação (Mariana, atriz, e Otávio Müller, ator coadjuvante).
Bons curtas
O júri de curtas brasileiros fez uma boa premiação, lembrando os melhores filmes de uma competição mais regular do que a de longas nacionais: Quando Parei de Me Preocupar com Canalhas, de Tiago Vieira, Virgindade, de Chico Lacerda, O Teto Sobre Nós, de Bruno Carboni, e O Corpo, de Lucas Cassales. Os dois últimos são produções de equipes gaúchas. A saber, a nova geração dos longas Castanha e Beira-Mar, que está provocando uma pequena revolução no cinema local.
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Cubanos
As grandes atuações foram quase todas premiadas, incluindo aí a categoria dos curtas. Entre as exceções estão Cíntia Rosa e Pedro Brício, protagonistas de O Fim e os Meios, thriller político de Murilo Salles que, aliás, foi o grande perdedor de Gramado 2015. O bom filme cubano Venecia, sobre um dia na vida de três trabalhadoras de um salão de beleza, que se aproxima da trama do argentino Las Insoladas (em cartaz no circuito), ficou com os prêmios de diretor (Kiki Álvarez, na foto acima), fotografia e melhor atriz latina - dividido entre Claudia Muñiz, Marianela Pupo e Maribel Garzón, algo que já havia ocorrido no Festival de Guadalajara.
Confusão curatorial
Um Homem Só é um caso semelhante ao de O Outro Lado do Paraíso: dois longas cheios de vícios de TV, que querem o diálogo com o grande público e ficariam deslocados em um festival de curadoria mais atenta. Gramado tem isso: ao mesmo tempo em que se abre para títulos experimentais e políticos, não dispensa filmes capazes de atrair astros da televisão à Serra. O resultado é uma mostra competitiva irregular e, de certo modo, esquizofrênica.
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Turismo ostentação
O festival precisa refletir: quando se aproxima o fim de semana de premiação, Gramado vira uma cidade de turismo ostentação, repleta de jovens de classe alta, muitos deles atrás das festas de música eletrônica que, acredite, chegam a ter ingressos a R$ 1,5 mil. Grande parte do público que se aglomera no tapete vermelho estaria ali independentemente do festival. É preciso mesmo pensar no turismo ao tomar decisões que afetam a curadoria do evento?
Veja imagens da noite de premiação do Festival de Cinema de Gramado: