Com ensaios reduzidos e salários parcelados, Ospa substitui obra de Nielsen por sinfonia de Dvorák

O maestro holandês Jacob Slagter desembarcou em Porto Alegre, na semana passada, a tempo de presenciar o abatimento dos músicos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) com o parcelamento dos salários dos servidores estaduais.

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Slagter veio para reger, nesta terça-feira (11/8), no Theatro São Pedro, a Sinfonia nº 4, de Carl Nielsen (1865 - 1931), compositor dinamarquês que tem seus 150 anos de nascimento celebrados em 2015, mas a obra foi substituída, de última hora, pela conhecida Sinfonia nº 9 ("Do Novo Mundo"), de Dvorák (1841 - 1904).

A direção artística da Ospa e a Affospa (associação de funcionários) afirmam que a mudança foi motivada pelo número reduzido de ensaios que seriam realizados, mas a reportagem apurou que o parcelamento dos salários também pesou na decisão: a obra de Nielsen exigiria uma dedicação especial por se tratar de peça nova em um programa da Ospa, enquanto a de Dvorák já integra o repertório.

Assim como os demais servidores estaduais, os integrantes da orquestra receberam apenas uma parcela de R$ 2.150. Slagter vai retornar em 2016 para reger a obra de Nielsen que ficou de fora.

Em nota oficial divulgada na manhã desta segunda, a Affospa declarou: "Nós, músicos e demais funcionários da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, tivemos nossos vencimentos parcelados e somos solidários com os demais servidores estaduais que se encontram na mesma situação. Por enquanto, daremos continuidade aos concertos e a nossa programação já agendada".

Também estarão presentes no programa do concerto desta terça-feira o Andante Festivo e o Concerto para Violino, ambos de Jean Sibelius (1865 - 1957), compositor finlandês que também tem seus 150 anos de nascimento lembrados. O solista será o violinista alemão Linus Roth.

Obra da Sala Sinfônica da Ospa está em espera

Prometida para 2014, a construção da Sala Sinfônica da Ospa sofreu novo revés. No final de junho, o governo do Estado rescindiu, unilateralmente, o contrato de R$ 22,3 milhões com a Cisal Construções, que havia vencido a licitação para a terceira fase, referente ao prédio propriamente dito.

A etapa foi iniciada no final de abril de 2014 e interrompida em agosto seguinte, quando a empresa alegou problemas nas fases das fundações. Segundo Araquém Idiart Gomes, superintendente administrativo-financeiro da Ospa, os ajustes foram realizados pelas empresas responsáveis pelas fases anteriores, mas a Cisal não reiniciou a obra. A empresa teria requisitado um acréscimo de mais de R$ 1 milhão no contrato.

Após avaliação técnica da Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação, foram oferecidos R$ 117 mil, mas não houve acordo. Procurada pela reportagem, a Cisal não respondeu aos pedidos de entrevista.

Desde a rescisão do contrato, o governo espera a posição da Portonovo Empreendimentos & Construções, segunda colocada na licitação, que foi convidada a assumir a obra. A empresa pediu esclarecimentos técnicos à Secretaria de Obras para subsidiar a decisão.

O governo do Estado conta com repasse de R$ 19 milhões do governo federal (dos quais foi liberado R$ 1,2 milhão, pago à Cisal), além de R$ 4,7 milhões da contrapartida.

CONCERTO DA OSPA

Nesta terça-feira (11/8), às 20h30.
Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 10 (galeria), R$ 20 (camarote lateral), R$ 30 (camarote central) e R$ 40 (plateia). Desconto de 50% para idosos, estudantes e sócios do Clube do Assinante.
À venda na bilheteria do teatro nesta segunda-feira (10/8), das 13h às 18h30min, e na terça-feira (11/8), das 13h até a hora do concerto.