A quinta temporada de The Walking Dead terminou, e vai haver mais spoilers nesta coluna do que zumbis em um mato de médio porte na nossa série fim-do-mundista favorita. Portanto, leiam ou parem aqui. Uma boa narrativa não quer dizer uma narrativa boa. O fato de os episódios finais terem excedido o que se espera deles não quer dizer que tenham nos deixado nem um pouco melhores, ao contrário.
The Walking Dead virou uma série de direita, de fazer feliz quem não gosta muito de gente. Uma comunidade de pessoas boas recebe a Rick and the gang torcendo para que eles os ajudem a sobreviver. Rick e turma, no entanto, sobrevivem ao custo de entregar ao capeta uma grande parcela de sua humanidade. A comunidade boazinha - de esquerda, portanto -, representada pelo arquiteto e boa-praça Reg, espera que eles possam continuar sendo bonzinhos, inclusive com o mau sujeito que bate na mulher, a.k.a. Pete. Triste ilusão. Rick e turma não querem sair de um mundo com luz elétrica e banhos regulares, e não sairão. A comunidade que os recebeu de braços abertos descobre que uma coisa é receber, outra é expulsar. Rick e turma são a nova ordem, e nós os entendemos, ou gostamos deles o bastante para entender. A nova ordem, do homem disposto a quase tudo, é a que conta.
Os roteiristas da série abusaram do expediente de matar alguém queridinho e por quem nos afeiçoamos para nos manterem presos à tela. Noah foi apenas uma vítima do sistema. Nos deixaram com uma nova ordem mundial estabelecida, e uma nova ameaça, os terríveis Wolves, que são tão terríveis que anunciam a sua terribilidade cravando um W na testa. A sexta temporada não será uma luta do bem contra o mal, mas de um certo tipo de mal contra um outro tipo, mais maluco, de mal.
Se isso se parece muito com o nosso mundo aí fora, bom, não deve ser mera coincidência. Não mesmo.