Há um conhecido ditado entre especialistas em privacidade e segurança na internet: se você não está pagando por um serviço é porque você é o produto. Em troca do uso de redes sociais, caixas de e-mail e máquinas de procura, aceitamos ter nossas informações pessoais comercializadas para quem estiver disposto a pagar por isso, como agências de marketing, ou estiver disposto a obter à força, como órgãos de inteligência de governos. Uma das impressionantes informações vazadas por Edward Snowden, ex-prestador de serviços da Agência Nacional de Segurança, é que o famigerado serviço secreto norte-americano obteve acesso direto aos servidores das grandes corporações de tecnologia (o que foi negado pela NSA).
Hoje, precisamos não apenas preservar nossos dados das outras pessoas, mas também das próprias empresas que nos oferecem serviços supostamente gratuitos. Em uma modesta tentativa de enganar o Facebook, troquei minha data de nascimento e meu gênero nas informações requeridas no perfil (e visíveis apenas aos técnicos da rede social). Tornei-me, aos olhos do Facebook, uma respeitável senhora de 44 anos. Imediatamente passei a ser exposto a anúncios que alguém supôs que fossem do meu interesse. Sua cozinha sempre linda!, Pazes com a balança, Pílula de dieta exclusiva, Quer vender sua lava-roupas?, Casaquinhos charmosos, Celular velho nunca mais! e até Trabalhe no McDonald's.
Percebi que estava sendo amador. Então, baixei uma extensão para o navegador que bloqueia anúncios. Mas é apenas o começo.
Se você não está paranoico com tudo o que está acontecendo é porque provavelmente não está muito bem informado. Tenho compartilhado essas ideias entre amigos e já ouvi argumentos despreocupados como: "Não tenho nada a esconder". Mas a privacidade não é uma questão de ter ou não algo a esconder. Depois das revelações de Edward Snowden, está claro que não podemos delegar a segurança de nossas informações a empresas com políticas de privacidade obscuras e que mudam a toda hora - o que constitui boa parte dos serviços que você usa.
Não quero parecer demasiadamente apocalíptico, mas, cá entre nós, está na hora de migrar para sites que se comprometam conosco e de aprender a criptografar nossas comunicações. Afinal, eles estão por toda parte.