John Green é quase um novo E. L. James. Seus livros vendem muito, mesmo que não tanto como Cinquenta Tons de Cinza, fenômeno da Feira no ano passado. É "quase" e "não tanto", só que é inegavelmente o top. Basta perguntar para o pessoal das bancas que eles se impacientam um pouco:
- Tu já deves ter visto que A Culpa das Estrelas está em primeiro, né?
Em um levantamento, Zero Hora percorreu nesta quarta-feira os corredores da Feira e consultou mais de 60 bancas para saber quais eram os livros mais comprados até então. A conclusão foi que a história da menina que tem câncer e conhece um garoto bonitão em um grupo de apoio a crianças com a doença está vendendo adoidadamente.
Até propensos detratores se entregam ao drama de John Green. No meio do povo que circulava pela Feira na tarde de quarta-feira, uma garota de 19 anos sorria entre indignada e surpresa, contando a malfadada eleição dos livros no curso de Comunicação Social da PUCRS. A professora queria que os alunos escolhessem três obras para serem lidas no semestre e cobradas em uma prova. O resultado foi:
1º) A Revolução dos Bichos, de George Orwell
2º) 1984, de George Orwell
3º) E Não Sobrou Nenhum, de Agatha Christie (o novo e horrível título de O Caso dos 10 Negrinhos, que entrega o final do livro)
Aí, começou a rebelião. Uma garotada protestou que A Culpa é das Estrelas deveria estar na lista. E essa era a história que Giovanna Tedesco contava para uma amiga no meio da multidão que circulava entre as bancas.
- Se querem ler, comprem o livro! - disse Giovanna, balançando os óculos.
Você leu, Giovanna?
- Eu li. Gostei. Mas acho que não tinha nada a ver com uma prova - ela fez uma pausa. - TÁ, É EMOCIONANTE, EU CHOREI!
Viu? Até quem contesta ama John Green. A reboque, o autor americano belisca outros dois títulos bem vendidos na Feira, O Teorema Katherine e Cidades de Papel. Ainda assim, alguns vendedores não veem um fenômeno como o da série Tons de Cinza. É o caso de Luis Carlos Bianchini, do Brik dos Livros.
- Neste ano, não tem uma explosão. Está mais devagar - salientou.
Sem uma explosão fenomenal, as vendas se espalharam. Há muitos autores bem cotados, inclusive locais, como J.J. Camargo (A Tristeza Pode Esperar), Juremir Machado da Silva (Jango), Fernando Lucchese (Não Sou Feliz, Por Quê?) e vários outros. É uma felicidade ser bem lido. Encostado na banca da editora Alcance, o escritor Alcir Nicolau Pereira discorria sobre o que é estar no topo e lembrava das Feiras em que esteve entre os mais vendidos. Hoje, mantém a preferência dos leitores na banca da editora. Infelizmente, lamenta, a coordenação da Feira não anuncia mais os campeões de vendas em cada categoria, o que podia ajudar os escritores "pequenos" a aparecerem mais.
Deve ser culpa das estrelas.
*Colaborou Lucia Righi